O Brasil avançou muito nessas duas décadas pós privatização e, na opinião dos CEOs das prestadoras de serviços de telecomunicações no País, agora, é preciso olhar o futuro, que passa pela digitalização dos serviços e pela massificação da banda larga.
A privatização do setor de telecomunicações no Brasil foi um marco. Nas últimas duas décadas, o País avançou muito, e a comparação dos cenários de 1998 e 2018 impressiona. O telefone deixou de ser um bem declarado no Imposto de Renda, a universalização da telefonia fixa aconteceu e o celular hoje está disseminado. As exigências agora são outras. O Brasil Digital precisa ser construído. Olhar o futuro passa pela digitalização dos serviços e pela massificação da banda larga.
À Newsletter da Telebrasil, o CEO do grupo Algar e presidente da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), Luiz Alexandre Garcia, observa que duas décadas depois da privatização o setor e os clientes mudaram. Ele insiste na necessidade urgente de se atualizar o modelo – com a aprovação imediata do PLC 79/16, que está no Congresso Nacional – para propiciar um novo ciclo de investimentos. O executivo lembra que nos últimos 20 anos o setor investiu R$ 885 bilhões e anualmente aporta R$ 30 bilhões, superando muitos outros setores da economia.
“A privatização foi um marco. Os acordos foram firmados pensando o telefone fixo como o principal produto para atender o cliente. Regras, normas e metas eram todas focadas nesse tipo de telefonia. Hoje, precisamos de ajustes essenciais para darmos um novo passo, para criarmos um ambiente para novos investimentos. A revolução digital mudou e está mudando a economia, e o Brasil precisa se preparar para essa jornada. A conectividade é o pilar dessa transformação digital”, sublinha Garcia.
Para o presidente da Claro Brasil, José Félix, a privatização foi muito bem-sucedida e estabeleceu uma mudança radical na realidade do consumo de serviços. “Fato é que, hoje, o consumidor quer a banda larga, quer o celular, funcionando o tempo todo. Telecomunicações são assim: se pararem de funcionar, é uma loucura. Ninguém quer mais ficar sem falar ou sem acessar a internet. Telecomunicações permeiam a vida pessoal e profissional”, relata o presidente do grupo que reúne Claro, Net e Embratel.
Olhar o passado para construir o futuro, acrescenta Félix, significa levar banda larga para as áreas que não são economicamente viáveis. “O Brasil precisa acordar para essa necessidade. Os grandes centros estão bem atendidos. A hora é de atender as comunidades mais distantes”, indica o CEO da Claro Brasil. Sobre o futuro, José Félix pede regras claras para a definição dos investimentos. “Não se pode esperar o fim das concessões para discutir. O que acontecerá? Nova licitação? E quem já investiu aqui? O ambiente precisa ficar saudável e tranquilo para justificarmos os próximos 20 anos.”
O presidente da Oi, Eurico Teles, há 37 anos na indústria de telecomunicações, lembra todas as mudanças ocorridas nos últimos 20 anos. “Quando o governo vendeu as empresas de telefonia, ninguém imaginava a dimensão que a internet tomaria. Naquela época, a grande demanda era pela telefonia fixa, um ativo, um bem para o cidadão”, recorda. Teles ressalta que tudo mudou muito rápido nesses 20 anos. Não só aconteceu a universalização da telefonia fixa, como também aconteceu um acelerado avanço na telefonia móvel e, hoje, a demanda da sociedade é por banda larga de alta velocidade.
“Por isso é preciso atualizar a regulamentação, que não reflete a nova realidade do mercado. Isso é fundamental para reduzir as barreiras para os investimentos das empresas privadas e democratizar o uso da internet. As telecomunicações representam um dos principais pilares do desenvolvimento da economia de um país, e o Brasil não pode prescindir disso”, reforça o presidente da Oi.
As telecomunicações precisam assumir o protagonismo para acelerar a transformação digital no Brasil, pondera o CEO da Telefônica Vivo, Eduardo Navarro. Segundo ele, a privatização do setor foi a que trouxe mais benefícios para a população brasileira, e a prova é a transformação: da escassez e das longas filas para se ter um telefone para os dias de hoje, em que há mais celulares ativos que brasileiros. Festejar o conseguido é relevante, mas o momento é de olhar para frente.
“Sei que ainda há muito mais por fazer e que o setor de telecomunicações continuará se reinventando para transformar o país no Brasil Digital. Mesmo com os entraves que impedem que esse avanço seja feito de forma mais rápida, estamos contribuindo para o desenvolvimento da cidadania (eleições eletrônicas, documentos digitais), para a saúde (cirurgias remotas), segurança pública (inteligência para as forças policiais), além da agricultura e pecuária (internet das coisas no campo). Essas ações seriam impossíveis 20 anos atrás”, diz Navarro.
As telecomunicações no Brasil chegam aos 20 anos de privatização com a melhor infraestrutura do País em comparação com outros segmentos produtivos, afirma o vice-presidente de Assuntos Regulatórios e Institucionais da TIM Brasil, Mario Girasole. Essas duas décadas foram relevantes, mas, agora, é preciso traçar os rumos dos próximos 20 anos, uma vez que os desafios não são apenas os da tecnologia.
“Precisamos de política pública para criar um quadro propício para uma nova onda de modernização baseada no 5G e para fomentar a difusão massiva da fibra óptica”, observa Girasole. Do ponto de vista das prestadoras, o trabalho é de ampliar a digitalização na relação com os clientes. “Muito já foi feito. Temos muito por fazer. Estamos fazendo. A TIM é e continuará protagonista nessa história de sucesso que são as telecomunicações no Brasil”, conclui o executivo.