Especialistas presentes no Mobile World Congress 2019 projetam que a tecnologia móvel vai contribuir com US$ 2,2 trilhões para a economia nos próximos 15 anos e gerar até 15 milhões de empregos nos próximos seis anos. Para alcançar esses números, as prestadoras de telecomunicações advertem que governos e agências precisam flexibilizar suas ações regulatórias e financeiras. Na América Latina, por exemplo, o custo do espectro chega a ser até três vezes maior do que o cobrado nos países desenvolvidos.
Protagonista da edição 2019 do Mobile World Congress, realizado de 25 a 28 de fevereiro, em Barcelona, na Espanha, o 5G vai contribuir com US$ 2,2 trilhões para a economia em 15 anos, responderá por 15% das conexões móveis em 2025 e, nos próximos seis anos, vai gerar 15 milhões de empregos na cadeia produtiva da indústria de telecomunicações. Mas para o ecossistema alcançar o seu real potencial é necessário que se façam ajustes desde já, advertiu Matt Granyard, diretor-Geral da GSMA, entidade que reúne prestadoras e fornecedores de telecomunicações.
O executivo sinalizou o 5G como a ferramenta mais poderosa de transformação da sociedade. “Vivemos um momento único. Tudo será conectado daqui para frente e há necessidade de se ter a conectividade inteligente.” Mas o 5G só vai concretizar as expectativas se governos e agências reguladoras optarem por flexibilizar suas ações regulatórias e financeiras. “A indústria de telecomunicações tem um papel crucial no desenvolvimento econômico e social do mundo. O 5G é esse caminho. Mas todos os atores precisam ajustar suas funções e entender que é uma nova era”, acrescentou Granyard.
Presidentes de prestadoras de telecomunicações como Telefónica, Singtel Group, Vodafone e Orange reforçaram o papel do setor na economia de dados, uma vez que todos os novos serviços passam pela infraestrutura das companhias. A CEO da Singtel Group, Chua Koong, salientou que o setor responde por 4,5% do Produto Interno Bruto mundial e há uma previsão de crescimento de 400% no uso de dados até 2025. No entanto, a receita das prestadoras – responsáveis pela construção das redes por onde esses dados vão trafegar – deverá ficar em torno de 1% no mesmo período, o que denota uma desigualdade significativa entre o que é investido e o que é arrecadado como receita.
O presidente executivo da Telefónica, José Maria Álvarez-Pallete, ressaltou que a internet é sensacional, mas lembrou que ela não ‘funciona sem conectividade’. Pediu ainda regras mais flexíveis por parte dos governos. “Principalmente quanto à questão de preços de frequências e regras impostas à oferta de serviços.” O presidente da Vodafone, Nick Read, lembrou que, nos últimos três anos, a indústria de telecomunicações foi a de pior desempenho em rentabilidade na Europa. “Os acionistas cobram retorno e há uma demanda enorme por mais infraestrutura, que custa muito caro.”
Uma das missões delegadas às prestadoras de telecomunicações é mostrar aos consumidores o seu papel real na era digital. Os executivos admitiram que a maior parte dos consumidores não reconhece as prestadoras como responsáveis pela estrada que permite a massificação dos serviços digitais. “O consumidor precisa nos relacionar com o novo, e cabe a nós mostrar a força da indústria de telecom”, completou Stéphane Richard, presidente da Orange.
Estudo da GSMA sobre o impacto do 5G ratifica o alto custo das frequências para a oferta da tecnologia e traz um dado preocupante: na América Latina, o custo chega a ser até três vezes maior do que em países desenvolvidos. Durante o Mobile World Congress, o presidente da Anatel, Leonardo Morais, agendou o leilão 5G, em 3,5 GHz, para março de 2020. A agência reguladora fará uma consulta pública e será definido se o certame será arrecadatório ou levará em conta cobertura e oferta de serviços.