O diretor de Negócios e Operações da Nokia do Brasil, Luiz Tonisi, lembra que somente o País vai precisar de mais de 100 mil novas ERBs para atender à nova infraestrutura.
As redes 5G começam a ser uma realidade, tanto que, ainda este ano, pelo menos 20 novas redes serão ativadas comercialmente no mundo, mas é preciso pavimentar a infraestrutura, observou o diretor de Negócios e Operações da Nokia do Brasil, Luiz Tonisi, ao participar do Painel Telebrasil, nesta quarta-feira, 22/05.
O executivo lembrou que a chegada dessas redes deve proporcionar um salto de produtividade aos usuários. “Não houve um salto de desenvolvimento com a infraestrutura básica, mas isso deve acontecer nos próximos anos, quando as aplicações começarem a ganhar espaço”, disse.
Para isso, no entanto, o executivo reforçou a necessidade de formação de ecossistemas completos que complementem essas redes. Ele citou o exemplo da própria Nokia, que hoje possui 37 acordos comerciais em curso, 20 deles com organismos públicos. Esse ecossistema é necessário porque as aplicações baseadas em 5G demandarão mais precisão, além de incluírem novos usos como vídeo em alta definição e realidade aumentada.
Tonisi também reforçou a necessidade de mudanças na infraestrutura para suportar essas novas redes. De acordo com o executivo, o mundo conta hoje com 7 milhões de estações radiobase (ERBs) e este número precisaria dobrar para atender a demanda que será gerada. “No Brasil, estamos falando de 100 mil ERBs a mais”, revelou.
Mesmo com a construção dessa estrutura demandando investimentos de US$ 3,8 trilhões, o executivo acredita que, com as redes 5G em operação, a economia pode ser extraordinária, representando um salto tecnológico. “Estamos falando em sair da conexão de milhões de pessoas para bilhões de coisas, com velocidades cem vezes mais rápidas e dez vezes menos latência”, comparou.
De todo modo, disse Tonisi, essa latência não vem sozinha. Ao contrário, é preciso construir um caminho até o 5G para que tudo esteja pronto quando o acesso chegar. “Toda a parte de backhaul, orquestração, slicing por software, automação, analytics e descentralização da arquitetura deve ser feita antes”, enfatizou.
Isso vale também para o Brasil, onde Tonisi acredita que a grande beneficiada das redes 5G será a competitividade da indústria, do agronegócio e de outras verticais. “O 5G será a plataforma da quarta revolução, que permitirá ter toda a capacidade necessária, trará competitividade para as indústrias e também vai alavancar a banda larga no Brasil”, previu.
Com tudo isso, a estimativa é de que o PIB brasileiro seja impactado por um crescimento entre US$ 30 milhões e US$ 100 milhões até 2025, somente com a entrada em operação de aplicativos baseados em 5G. E a Nokia está se preparando para abocanhar uma fatia importante desse bolo.
Segundo Tonisi, a companhia tem hoje 7 mil ERBs em operação no Brasil prontas para o 5G e está renovando 40% dos backbones das prestadoras de serviços de telecomunicações brasileiras. “Além disso, estamos trazendo nossa plataforma de IoT para o Brasil, onde já temos dois projetos em aprovação no BNDES”, revelou.
O executivo acredita que o governo pode acelerar ainda mais esta preparação. “Precisamos de um empurrão na economia, como a aprovação do PLC79. Além disso, sem espectro e fibra, nada disso vai acontecer. A tributação em IoT tem de ser zero e precisamos desenvolver capital humano para o novo mundo. Precisamos de agilidade, flexibilidade e consistência”, completou.