Na nova era, estratégias baseadas na utilização e massificação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) são essenciais para aumentar a competitividade brasileira. O tema foi discutido durante o painel Uma Agenda para a Transformação Digital, no Painel Telebrasil 2019.
A economia digital está no centro das preocupações e é prioridade na agenda de companhias e governo. Na nova era, estratégias baseadas na utilização e massificação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) são essenciais para aumentar a competitividade brasileira. Durante painel que debateu Uma Agenda para a Transformação Digital, nesta quarta-feira (22) no Painel Telebrasil, o secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Paulo Uebel, apontou que o governo tem como meta para os próximos dois anos o lançamento da identidade digital nacional, em parceria com o TSE; a transformação de 1 mil novos serviços hoje analógicos para digitais; e a consolidação, em um único canal digital, dos vários canais existentes.
Uebel aproveitou o painel para sensibilizar a audiência com relação à necessidade da aprovação da reforma da Previdência. “Enquanto a nova Previdência não for aprovada, o governo fica capenga. Ela é fundamental”, disse, explicando que restrições orçamentárias impactam todas as áreas. “Tem de tomar decisões e muitas vezes investimentos em TICs são deixados para depois.”
Muitos dos panelistas aproveitaram o debate para cobrar a aprovação do PLC 79/16. Emmanoel Campelo, conselheiro e vice-presidente da Anatel, disse que a agência tem tentado conscientizar e levar informações técnicas ao Congresso Nacional acerca do PLC 79 e de desonerações que poderiam ser aplicadas, por exemplo para Internet das Coisas e Vsat, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento do setor de telecomunicações e, como ele é transversal, causando um impacto positivo nos demais setores da economia. “A Anatel tem buscado perfil mais engajado”, sublinhou.
Ele defendeu também a aplicação de uma regulação para digitalização que seja mais eficiente. “O problema histórico da agência foi o excesso de regulamentação; tantas normas que era difícil conhecer todas que estavam em vigor. Já tivemos revogação de mais de 170 normativos”, disse. “Quando falamos em desregulamentação, não estamos falando na ausência da agência como órgão regulador, mas tornar mais inteligível”, acrescentou.
Sobre o PLC 79, Campelo chamou atenção para o impacto que a não aprovação do projeto de lei terá no setor público. “Pouco se fala do cenário que ocorrerá sem o PLC 79, em 2025, com o fim das concessões. Eu vejo como catastrófico para economia. Corremos risco concreto e real que não tenha mais nenhum ator do setor interessado na concessão do STFC e, por lei, é o governo quem teria de assumir a concessão.”
Também falando sobre o projeto de lei, Camilla Tápias, vice-presidente da Telefônica, afirmou que agora vê que o tema e o setor estão recebendo as devidas atenções no Congresso. “Temos conseguido avançar, através do esclarecimento de muitas dúvidas que ainda pairavam em torno do PL 79, e isto tem colaboração da Anatel, do setor e do MCTIC. Esta coalizão vem colaborando muito”, disse. “Em tempos passados, percebíamos muita desconfiança quando as concessionárias defendiam o projeto, mas agora que se formou consciência coletiva podemos avançar e chegar à aprovação.”
O presidente da Sky do Brasil, Estanislau Bassols, ressaltou que a regulamentação deveria ser mais “light” e estar mais claro o que se busca com ela. “O nível de regulamentação no Brasil é alto, deixando os empresários sem segurança para investir”, disse, acrescentando que as telecomunicações são um setor privilegiado, visto que muitas residências que não têm tratamento de esgoto contam com celulares. “O telefone era artigo de luxo há 20 anos e fazia sentido o imposto, mas hoje é item básico. Como fazemos para alterar o quadro para este novo cenário?”, questionou.
Do lado da indústria, Laércio Albuquerque, CEO da Cisco do Brasil, lembrou que os cidadãos, os consumidores já são digitais e as empresas já têm em curso projetos de transformação digital. “Precisava ter CIO do governo, um plano para o governo digital que criasse uma espinha dorsal para digitalizar o País, com plataforma correta e dando utilidade para os dados coletados.”
Albuquerque pontuou que é preciso preparar a população para a inclusão na economia digital, visto que milhões de empregos serão eliminados ao mesmo tempo em que milhões de outros serão gerados. “A educação digital é fundamental para preparar a sociedade para os milhões de empregos que já existem, mas que que não são preenchidos porque não há gente preparada para eles”, enfatizou.
Questionado sobre as demandas do Brasil, o diretor de Soluções Integradas da Huawei, Carlos Roseiro, afirmou que a empresa está há 21 anos no País e tem uma agenda comercial e institucional. “Trabalhamos com todas as operadoras, estamos lançando smartphone; nossas expectativas são positivas”, destacou, reforçando que a empresa tem como objetivo contribuir para o crescimento da internet. “Outro exemplo é a Huawei Cloud; já lançamos mundialmente e o Brasil será um dos nós para a América do Sul”, afirmou.
Luiz Tonisi, líder da Nokia no Brasil, disse que a empresa está apostando que o 5G vai revolucionar todo o setor. “Falando do Brasil, acreditamos que Internet das Coisas vai fazer toda diferença no mercado. Estamos colocando uma plataforma agnóstica no Brasil; teremos 12 no mundo, todas conectadas. Assim, se tiver um caso de uso nos Estados Unidos, ele poderá ser imediatamente replicado no Brasil”, afirmou, completando que o Brasil vai ter a plataforma operando a partir de julho. A expectativa da companhia, segundo Tonisi, é que os mercados de 5G e IoT vão representar cerca de 50% do faturamento da Nokia no Brasil.
Rogerio Loripe, vice-presidente Comercial da Ericsson do Brasil, lembrou que a companhia neste ano completa 90 anos de presença contínua no Brasil e destacou a necessidade de o país melhorar a sua capacidade de inovação. “É a capacidade de construir a digitalização e de todos os setores, como o campo, indústria, transportes, e esta digitalização já começou. Nos EUA, 7% da economia é digital; se fosse um país, seria maior que Arábia Saudita e México.”