Especialistas são unânimes: serviço precisa ser acessível, ter preços razoáveis e promover uma boa experiência ao assinante
Brasília, 11/07/22 – O desembarque do 5G no Brasil traz um novo capítulo na massificação da banda larga, mas a oferta do serviço fixo também passa por transformações com novas tecnologias como a Fiber to the Room (FFTR), que simplifica a instalação da fibra óptica na casa do assinante. O consumidor, aliás, se tornou o centro das atenções. Os participantes do workshop ‘Perspectivas e tecnologias para o mercado de banda larga’, realizado no Painel Telebrasil Summit 2022, foram unânimes ao afirmar que o serviço de banda larga precisa ser acessível, ter preços razoáveis e promover uma boa experiência ao assinante. E ainda há o desafio de lidar com a implementação das novas tecnologias disponíveis.
No caso do 5G, o modelo standalone adotado no Brasil, por não depender da rede 4G, permitirá 25% mais de cobertura por antena e uma velocidade até 50% mais rápida para o consumidor. Ao mesmo tempo, observaram os palestrantes, o networking slicing (ou fatiamento de rede) permitirá às operadoras monetizar melhor a rede 5G, customizando as ofertas para cada tipo de assinante.
Para Nilo Pasquali, superintendente de Planejamento Regulatório da Anatel, o principal ganho do leilão de 5G foi a perspectiva de ampliação do acesso à banda larga, devido à decisão da Agência de colocar mais compromissos e menos instrumentos arrecadatórios.
“Temos perspectivas de investimentos contratados até 2030 para 5.570 mil municípios, mais de 1,7 mil localidades – áreas não sede de município –, todos com 5G e mais de 7,4 mil localidades com 4G (fechando o gap do 4G), além de mais de 35 mil km de cobertura em rodovias. O próximo desafio é a cobertura rural e rodovias estaduais e municipais”, destacou.
Pasquali ressaltou o papel dos pequenos provedores na interiorização da banda larga por fibra – o que fez o país se transformar em um caso de sucesso mundial –, e lembrou que os ISPs somados são a maior operadora de banda larga do país, o que comprova ser possível ampliar a cobertura por meio de agentes de todos os portes.
Evolução das redes móveis e fixas
Segundo Marcos Scheffer, vice-presidente de Redes e Serviços Gerenciados da Ericsson Latam, o 5G é a ferramenta mais importante para a banda larga, e em 2022 será superada a marca de 1 bilhão de conexões, cobrindo 25% da população global, uma penetração alcançada dois anos antes do que o 4G. Este será o último ano de crescimento do 4G, que passará a declinar em favor do 5G. “A expectativa é de que, em 2027, o número de assinaturas atinja 4,4 bilhões, cobrindo 75% da população global, segundo projeções do relatório anual Ericsson Mobility Report”, disse Scheffer.
O executivo da Ericsson estima adoções diferentes em cada região. Na América do Norte, 95% das novas assinaturas serão em 5G, na Europa, 82% e na América Latina há a previsão de 35% das assinaturas em cinco anos. No Brasil, o 5G responderá por 50% do tráfego móvel até 2025 e, em 2027, metade das contratações móveis acontecerá em 5G.
Sergio Battaglia, consultor de Negócios e Soluções da Huawei, destacou três tendências que incidem sobre o mercado de banda larga. A primeira é o avanço da fibra FTTH, em substituição ao ADSL, pelos grandes detentores de redes legadas, que deixam assim de perder mercado na banda larga. A segunda é o aumento das velocidades ofertadas a preços razoáveis. E, por fim, uma vez que a competição não permite preços elevados, boa parte dos provedores está enxergando a necessidade de oferecer a melhor experiência para o usuário.
“Nesse contexto, enxergamos a evolução das redes fixas, num paralelo forte com a evolução das redes móveis e suas gerações nas duas últimas décadas. Passamos pela voz, pela Web, e, agora, a fibra está chegando dentro da casa do cliente na chamada fibra digital”, analisou Battaglia.
O vice-presidente de Relações Governamentais da Qualcomm, Francisco Giacomini, afirmou que a computação de borda (edge computing) vai contribuir para a baixa latência, fundamental para uma boa experiência em banda larga. Para o executivo, a banda larga por fibra e a que será ofertada com o 5G são complementares. Ele destacou que nas ondas milimétricas a capacidade será maior e a latência menor do que nas faixas abaixo de 6 GHz.
“Mas precisamos saber o que vamos fazer com o 5G. Há muita coisa por fazer e estamos começando o desafio maior. As redes privadas vão impulsionar a banda larga com modelos de negócio mais restrito e uso privativo por diferentes verticais com interface com a rede pública. Acredito que vai haver um interesse muito grande. As próprias operadoras farão redes privadas”, completou Giacomini.