Estudo da BCG sustenta que, para cada R$ 1 investido pelo governo na construção da banda larga, o retorno em forma de arrecadação é de R$ 3,50. “Isso é uma oportunidade de negócio”, observa o sênior leader da consultoria, Marcos Aguiar.
As cidades inteligentes e a adoção das novas tecnologias, como IoT (Internet das Coisas), carros conectados, comércio eletrônico e aplicativos móveis, fundamentais para acelerar o desenvolvimento e a inovação no Brasil, dependem da massificação da banda larga, do 5G e, consequentemente, da fibra óptica. Sem a ampliação da infraestrutura, o País ficará rapidamente para trás em relação a outras economias globais.
Ao participar do Painel Telebrasil 2019, Marcos Aguiar, sênior leader do BCG South America, falou da urgência de se investir, tanto nas redes quanto no ecossistema, para mitigar o atraso atual e evitar um distanciamento ainda maior dos mercados concorrentes. Atualmente, segundo dados da instituição, o Brasil é o 81º no ranking de países com maior nível de conectividade massiva e de qualidade. De acordo com Aguiar, hoje, o tráfego por usuário ao ano na China é 1x maior do que o registrado entre os brasileiros. Nos EUA, a diferença é de 5x. Se os investimentos forem mantidos nos níveis atuais, a diferença saltará para 2,5x e 8x, respectivamente, até 2022.
Citando dados apurados pelo BCG, Aguiar destacou que a indústria brasileira de telecomunicações tem receita anual de R$ 197 bilhões, mas a geração de caixa é muito baixa. “O maior agente capturador do valor (R$ 73 bilhões, ou 37%) é o governo, enquanto os investidores capturam apenas 6%”, contabilizou. O restante vai para infraestrutura, sistema financeiro etc. “Isso representa um desafio importante de sustentabilidade”, afirmou.
“É preciso agir agora”, disse o especialista. Os investimentos históricos, que já são muito mais altos do que os registrados em países europeus, precisam ser incrementados. E esses investimentos precisam vir do governo. O governo dá passos curtos para incentivar a ampliação da infraestrutura. “Política pública que não leva em conta a microeconomia não faz sentido”, alertou Aguiar.
Apesar das condições adversas da economia nos últimos anos, o setor registra um Capex de 22%. Mas o percentual é insuficiente. Para seguir crescendo, seria preciso elevar para 25% o Capex por receita. “Significa que sozinho, por livre mercado, o trabalho não vai acontecer. Há a necessidade de esforço conjunto entre governo e iniciativa privada”, sublinhou Aguiar. “O governo precisa entender que os investimentos trarão retornos significativos para o País e para o próprio governo. Isso se converterá em maior arrecadação: para cada real investido em infraestrutura, o governo ganha R$ 3,50 em arrecadação.”