A pandemia da Covid-19 provou a essencialidade das telecomunicações na América Latina, apesar do impacto relevante na economia da região, afirma a consultoria IDC.
O cenário de isolamento social diante da pandemia da Covid-19 levou a um aumento significativo no tráfego de dados, tanto por parte das empresas quanto dos consumidores, mas, ainda assim, o impacto do novo coronavírus no mercado de telecomunicações na América Latina será de US$ 4,3 bilhões, ou R$ 25 bilhões, em 2020, por conta das renegociações de contratos entre as empresas e do adiamento de projetos relevantes como os leilões para o 5G em diversos países da região, de acordo com projeções reveladas pela consultoria IDC.
No Brasil, a previsão do crescimento anual do mercado de serviços de telecomunicações caiu dos 3% inicialmente projetados para o ano para pouco mais que 1% – a expectativa para 2021 passou de 4% para 2% e para 2022, de 6% para pouco mais que 4%.
“Até antes da Covid-19, tínhamos uma expectativa de crescimento CAGR entre 2019 e 2023 de 10,8% nas redes fixas e 29,2% nas redes móveis. Estamos observando, neste momento, que o cenário atual de isolamento social provocou elevação no tráfego de dados, tanto no Brasil quanto no restante da América Latina, atingindo picos de 30% a 40% de aumento de tráfego nas redes fixas”, diz Luciano Saboia, gerente de Telecomunicações da IDC Brasil. Na América Latina, em 2020, o segmento de consumidor (B2C) responde por 67% do tráfego de redes de telecomunicações, enquanto o empresarial (B2B) por 33%, com as grandes companhias representando a maior parte.
O especialista da IDC Brasil lembra que o serviço de telecomunicações se mostrou essencial. “Durante o isolamento social, a banda larga é uma possibilidade de entretenimento familiar, de estudar e desempenhar atividades remotamente em regime de home office”, sublinha Saboia. “No Brasil, para aqueles que não possuem o serviço de banda larga em suas casas, os smartphones são a única oportunidade de interface digital, até mesmo para receber os auxílios do governo, o que reforça a importância do setor e dos serviços de telecomunicações”, acrescenta.
O cenário pós-Covid-19 se desenha com a manutenção de serviços como o teletrabalho e da computação em nuvem, entre outros. “A aceleração digital é uma realidade. As empresas tiveram que digitalizar seus negócios para sobreviver à pandemia e essa jornada não tem mais volta. Esse é um caminho de oportunidades às prestadoras de serviços de telecomunicações. Serviços não tradicionais estão ganhando fôlego, e a inovação fará a diferença”, pontua o analista da IDC Brasil.
O levantamento da IDC indica que 39% das empresas no mundo projetam investir mais no mercado de telecom em 2020, mesmo com o impacto da pandemia. Já 25% afirmam que a Covid-19 não causará impacto nos investimentos e 36% devem reduzi-los. Na América Latina, 35% das empresas vão investir mais com a pandemia, 22% acreditam que não haverá impacto em seus investimentos e 43% devem reduzir os gastos em telecomunicações.
A consultoria prevê que até 2023 o tráfego de dados em redes fixas deve aumentar 10,8%, enquanto em redes móveis, 29,2%. Para 2025, a expectativa é de que a quantidade de dados para dispositivos de IoT seja quintuplicada. “Setenta por cento do tráfego serão gerados por câmeras, drones, sistemas de navegação, dispositivos de saúde, entre outros”, afirma Saboia.
Outras oportunidades estão em soluções de segurança, segmento que deve continuar forte até o final deste ano, com demandas de atualização da infraestrutura, de monitoramento de aplicativos críticos, implementação de soluções de SD-WAN, integração e proteção de pagamentos digitais, soluções de autenticação, entre outras. Soluções de comunicação e colaboração também são oportunidades para os operadores de TI e a adesão a esses serviços deve aumentar 53% neste ano.
CAGR – Compound Annual Growth Rate, ou Taxa de Crescimento Anual Composta.