Com a proximidade do leilão, assunto foi discutido por especialistas que endereçaram as vantagens e desafios da nova tecnologia
Logo em seu primeiro dia de evento, o Painel Telebrasil 2021 abordou um dos temas mais importantes do universo das telecomunicações atualmente: as expectativas em torno da chegada do 5G ao Brasil.
O debate foi iniciado pelo assessor da Superintendência de Planejamento e Regulamentação da Anatel, Marcos Vinicius Cruz, que reforçou a importância de todas as faixas que serão disponibilizadas no certame. Segundo ele, este é o “edital dos compromissos” pois, além da faixa do 3,5 GHz, traz diversas outras atribuições também nas faixas de 700 MHz, 2,3 GHz, 26 GHz.
Além do compromisso de instalação de antenas de 5G em todos os municípios, citou a eliminação dos gaps de infraestrutura, a obrigação de cobertura com o 4G e a destinação dos recursos da faixa de 26GHz a projetos de educação. Sobre a limpeza da banda C estendida, destacou a importância dos aprendizados com o 700 MHz e as complexidades do novo projeto, que agora conta com diversos novos atores envolvidos. Por fim, reforçou a expectativa de que a limpeza da faixa esteja concluída até 2026.
Rafael Marquez, diretor de marketing da V.tal, abriu sua participação enaltecendo os avanços que serão percebidos com o 5G, como casas e indústrias inteligentes, telemedicina, Inteligência Artificial e machine learning. “O potencial de disrupção vai permitir que a conectividade alavanque o Brasil e a nossa economia”, afirmou. Marquez ainda reforçou o papel da rede neutra e aberta, a ser compartilhada por múltiplos provedores para otimizar o processo de conectividade. “Temos apetite para chegar a 32 milhões de casas até 2025 por meio de altos investimentos”, disse.
Guilherme Saraiva, diretor de vendas da Embratel, falou sobre a migração da banda C para a banda Ku e dimensionou a magnitude da questão, ao lembrar que cerca de 60 milhões de brasileiros ainda usam as antenas parabólicas. Segundo ele, já há uma preparação dos teleportos para espelhar as bandas a partir de abril. “Existe a previsão de que esse novo padrão possa durar até 20 anos”, concluiu.
Cristiano Flores, diretor executivo da Abert, reforçou a importância do 5G para o País e também comentou sobre a migração das TVRO para a banda Ku. Destacou a necessidade de haver uma política pública adequada para garantir que o processo ocorra da melhor maneira possível. Ressaltou também a importância da entidade que irá fazer a gestão e a necessidade de haver transparência. “Após muitas conversas e alinhamentos, entramos agora na fase de consenso. O grupo de trabalho tem pela frente prazos e desafios muito complexos”, afirmou.
Já Marcos Aguiar, senior partner do BCG, trouxe uma visão estratégica da indústria no contexto do 5G. Lembrou que o Brasil passa hoje por um momento de demanda por conectividade sem precedentes. Para que as coisas caminhem bem, é preciso haver mudanças regulatórias. “O 5G está no centro das transformações atualmente e o legado regulatório também precisa se transformar”, disse. Ponderou sobre a alta carga tributária que há tempos incide no setor. “A tributação é desproporcional e o impacto de uma redução seria muito positivo.” Afirmou que a diminuição dos impostos geraria substancialmente mais retorno econômico para o Governo. “É preciso pensar o setor como uma plataforma estratégica, ajustando a regulação, acertando assimetrias e atuando de forma coordenada na alocação de recursos”, finalizou.
O tema foi discutido no Webinar “Operacionalização dos compromissos do 5G”, que teve como mediadora Adriana Sarkis, gerente de Regulação da Conexis.