Inteligência Artificial: desafio é engajar e criar ambiente para as pessoas usarem a tecnologia

Em debate no Painel Telebrasil 2024, especialistas concordam que a conectividade exerce papel preponderante para habilitar novos produtos em IA, mas assumem que modelos de negócios para as teles ainda não estão definidos

Brasília, 05/11/24 – Depois da digitalização trazer mudanças significativas à sociedade, ferramentas com base em inteligência artificial prometem provocar transformações ainda mais profundas. Na base de tudo, a conectividade exerce papel preponderante para habilitar novos produtos e serviços com IA embarcada, conforme assinalou Diego Aguiar, head no Brasil da Qualcomm, ao abrir a plenária que debateu o cenário de oportunidades que advém da inteligência artificial e da própria conectividade, nesta terça-feira (5), no Painel Telebrasil 2024.

A jornada da Vivo em inteligência artificial teve um marco emblemático em 2018, quando a empresa lançou a assistente Aura, hoje já consolidada e atendendo a 4 milhões de usuários únicos por mês. Contudo, o ‘marco zero’ foi o projeto de big data. “Foi quando começamos a construir o nosso data lake, que hoje é o terceiro maior da América Latina. Esses dados ajudam a potencializar o mundo da IA”, explicou Denise Inaba, CIO da Vivo.

Na IA generativa, a Vivo destaca o uso do Vivo GPT, uma IA usada corporativamente e cuja implementação visou a fomentar o uso e promover o letramento para os funcionários terem contato com IA.

“O impacto da IA vem do uso das ferramentas pelo ser humano, então, se as pessoas não usarem, não muda nada”, pontuou Rodrigo Duclos, CDO da Claro. Como exemplo, o executivo citou o uso de IA para antecipar o que o cliente quer. “É diminuir os passos, conseguir prever o que ele quer e transformar em NPS positivo. A IA não serve para nada se não conseguir isso. E isso é uma grande mudança”, assinalou.

Para Duclos, a principal transformação está na cabeça e no comportamento dos usuários. O desafio, segundo ele, está em como engajar e criar ambiente para as pessoas usarem a IA, descobrirem o que funciona e o que não funciona. “Temos de partir do ponto de que ninguém sabe tudo, porque nem os fabricantes sabem tudo”, ressaltou. 

Henrique Miguel, secretário para a Transformação Digital do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), disse que o governo está elaborando um plano que “certamente vai impactar e deve perpassar as questões que já foram trazidas, principalmente as relacionadas a recursos humanos”, apontou.

Além da urgência para acelerar a capacitação de recursos humanos, Miguel destacou que é preciso que haja a infraestrutura necessária para o desenvolvimento da IA e endereçar questões importantes relacionadas à regulação. “Na minha avaliação pessoal, devemos ter uma regulação; é um ciclo que se inicia, deve avançar e ter desdobramentos”, opinou.

Para Denise Inaba, da Vivo, o modelo de negócios em IA não está pronto e o setor tem como papel central ser habilitador. “Somos um grande orquestrador, conectando com os dispositivos”, adicionou. Já para Rodrigo Duclos, da Claro, os dispositivos são importantes para rodar os modelos de IA. Acelerar as aplicações locais é uma grande dúvida. “Temos papel fundamental de viabilizar isso, de liderar, é o walk the talk, mostrando que é economicamente viável. A inteligência artificial generativa foi a melhor coisa que aconteceu para a IA”, completou.

Além da infraestrutura, de capacitação e do aspecto regulatório, Henrique Miguel, do MCTI, apontou gargalos conhecidos como os da soberania de dados e da política de dados e a questão de cibersegurança. “Temos uma longa jornada a percorrer no sentido de desenvolvimento de tecnologia de IA e temos potencial para desenvolvimento das ferramentas e aplicações”, finalizou.

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