Debate no Painel Telebrasil Summit 2022 destaca o surgimento de novos atores para ampliar a competitividade e o desenvolvimento de serviços para o consumidor brasileiro.
O mercado das telecomunicações passa por um novo momento, com a criação de novos modelos de negócios e novas tecnologias, como redes neutras, o desenvolvimento de outras privativas e o surgimento de novos atores. O desafio é potencializar novas operações e criar novos serviços para ofertar ao consumidor, como foi debatido no painel “Novos modelos de negócio e cenários para a conectividade”, realizado nesta quarta-feira, 29/6, no Painel Telebrasil Summit 2022.
O conselheiro da Anatel Artur Coimbra destacou o desafio da agência em melhorar a regulamentação sem asfixiar o nascimento de negócios inovadores. Citando o caso das redes neutras, ele disse que se procura, sobretudo, retirar regras. “A ideia é que modelos tenham regulamentação mais leve. Claro que será necessária alguma outorga de serviço de telecomunicação.”
A mudança se faz necessária, segundo Coimbra, porque garantir segurança jurídica para as empresas operarem está no foco da Anatel. Quanto à questão da migração da concessão, Coimbra, que é o relator, não adiantou seu voto, mas enfatizou que se trata de um longo processo que passará por adaptações. “Em sendo aprovada a proposta, envia-se ao Tribunal de Contas da União (TCU), que avalia e devolve para a Anatel, que faz a versão final”, explicou.
O deputado federal Eduardo Cury (PSDB/SP) defendeu a flexibilização regulatória. Para ele, a regulação não pode limitar a tecnologia no seu desenvolvimento. Reforçou que é necessário dar um tempo para entender os impactos e, somente aí, pensar em regular. “A regulação deve vir depois da necessidade”, adicionou.
Levar serviço para quem precisa
Do lado de quem fornece os serviços, Flávio Rossini, diretor de assuntos corporativos da Vero Internet, destacou que a função das operadoras competitivas é levar serviços para quem não tem, como ocorre nos grandes centros. “Nossa função é complementar o mercado; é levar competição e oportunidade”, disse. A Vero Internet surgiu em 2019 e é um dos primeiros clientes da V.tal. A provedora contratou rede neutra para prover serviços em duas cidades.
“Entendemos que eram duas avenidas de crescimento e, agora, temos uma terceira”, apontou, fazendo referência a lançar rede própria, ao movimento de consolidação do mercado via fusões e aquisições e, agora, completada pela oferta de redes neutras, permitindo entrar em localidades onde o ambiente competitivo não propiciava a construção de rede própria ou onde fusões não são viáveis. “Redes neutras nos permitem entrar nestes mercados; elas vão nos dar a conectividade, mas sempre estaremos ao lado dos nossos clientes”, enfatizou Rossini.
A regionalização dos atores e a chegada de investidores são vistas como momento extremamente positivo. “Tem demanda [de usuário] que, de certa forma, não é tão bem atendida. Do lado das empresas, há oportunidade de ocupar este espaço e prosperar”, apontou. “Acho que os investidores surgem como comprovação que há grande oportunidade de business e com grande crescimento; e os investidores querem isso”, completou. Para Pedro Arakawa, VP de negócios da V.tal, redes neutras têm pela frente um mercado a ser explorado. “O País tem 90 milhões de domicílios e pequenos negócios e 40 milhões estão conectados por uma banda larga, sendo que destes uns 24 milhões ou 25 milhões são por fibra ótica. Tem uma demanda latente e reprimida em várias regiões. A oportunidade é muito grande”, enfatizou.