A head da área de Telecomunicações, Mídia e Tecnologia da consultoria McKinsey, Marina Cigarini, será a keynote speaker do Painel dos CEOs: “20 anos de privatização e o começo de um novo ciclo”. Em entrevista à Newsletter da Telebrasil, ela destacou que o dilema mais importante e urgente do País é facilitar os investimentos para tirar os planos do papel, como o Plano Nacional de Internet das Coisas.
A senior partner e head da área de Telecomunicações, Mídia e Tecnologia da consultoria Mckinsey, Marina Cigarini, será a keynote speaker do Painel dos CEOs: “20 anos de privatização e o começo de um novo ciclo” durante o Painel Telebrasil, que acontece de 22 a 24 de maio, em Brasília.
Em breve entrevista à Newsletter da Telebrasil, a especialista enumerou os três desafios a serem enfrentados para fazer com que os planos de políticas públicas, entre eles o recém-apresentado Plano Nacional de Internet das Coisas, saiam do papel e se tornem uma realidade. Marina Cigarini também falou sobre o que considera o principal feito dos 20 anos da privatização do setor de telecomunicações: a garantia do direito de acesso básico às telecomunicações para a população brasileira.
O Painel dos CEOs: “20 anos de privatização e o começo de um novo ciclo” acontece no dia 23 de maio e terá a participação do secretário de Telecomunicações do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, André Borges, de Eduardo Navarro, presidente do Grupo Telefônica do Brasil, de Eurico Teles, presidente da Oi, de Luiz Alexandre Garcia, presidente do Grupo Algar, e Stefano de Angelis, presidente da TIM Brasil. Acompanhem a entrevista com a executiva da Mckinsey:
Newsletter da Telebrasil – O que é preciso fazer, de imediato, para se ter um Brasil Digital?
Marina Cigarini – Os governos têm demonstrado visão de longo prazo e lançado programas que podem levar o Brasil aos padrões digitais mais avançados do mundo. Há iniciativas que merecem menção, como por exemplo o Plano Nacional de Internet das Coisas. Com os projetos corretos definidos, enxergo três principais desafios pela frente:
1) a coordenação entre iniciativas;
2) a continuidade das iniciativas, que precisam se tornar uma agenda do País e sobreviver aos ciclos políticos; e
3) a facilitação dos investimentos para tirar os planos do papel. Neste terceiro aspecto, vejo o dilema mais importante e urgente.
Assim como ocorreu nestes últimos 20 anos, será por meio da ampliação de investimentos que o Brasil conseguirá migrar para os novos paradigmas tecnológicos. Sabemos da grave crise fiscal brasileira e da resultante restrição do setor público para impulsionar a universalização de acesso à banda larga e à tecnologia 4G em algumas regiões do País. Essa democratização de acesso é essencial para darmos passos em direção ao futuro.
Já no setor privado, olhando o período de 2012 a 2017, não há uma única operadora obtendo retornos acima de seu custo de capital. Isso limita consideravelmente o fôlego para ampliação de investimentos e torna as operações em regiões rurais ainda mais desafiadoras.
A resolução desse dilema passa por criar condições para custos de capital mais competitivos e atacar ineficiências e distorções que puxam o retorno do setor para baixo. É possível avaliar impactos na carga tributária de forma fiscalmente responsável, criando, por exemplo, mecanismos que atrelem incentivos fiscais a ações com claro retorno econômico.
O setor privado também precisa fazer o seu papel, como tem feito, e buscar constantemente oportunidades de tornar-se mais eficiente. Vemos ao redor do mundo que o compartilhamento de infraestruturas e a digitalização da gestão das empresas, por exemplo, são duas alavancas importantes neste processo de aumento de eficiência.
Newsletter Telebrasil – Qual foi o maior impacto desses 20 anos de privatização do setor de telecomunicações?
Marina Cigarini – A privatização do setor de telecomunicações transformou drasticamente a vida do País. Duas memórias resumem bem qual era o ponto de partida em 1998: pagávamos uma taxa de adesão de R$ 4 mil em valores atualizados e esperávamos de dois a três anos para obter uma linha fixa de telefone. A telecomunicação era um privilégio para apenas os 10% que declaravam uma linha fixa em seu imposto de renda.
De lá para cá, o novo ambiente regulatório permitiu que o setor acompanhasse o progresso tecnológico global, ampliando e popularizando a sua oferta. Hoje temos mais de um celular por brasileiro; portanto, o direito de acesso ao básico está assegurado. Isso só foi viabilizado pelo que eu classificaria como o maior impacto da liberalização: a forte expansão dos investimentos no setor.