Dados apresentados pela Oliver durante o Painel Telebrasil Summit 2023 mostram que massificação do acesso passa por incentivos governamentais
Brasília, 12/09/23 – O Brasil avançou significativamente nos últimos anos na qualidade da internet e, em menor grau, na democratização do acesso, afirmou o sócio de Communications, Media & Tecnologia da Oliver, Felipe Hildebrand, ao participar como Keynote do Painel Telebrasil Summit 2023, nesta terça-feira (12). Sobre a qualidade, o executivo lembrou que, entre 2018 e 2021, a velocidade média de acesso subiu de 17 Gbps para 84,8 Gbps. No mesmo período, a penetração da rede foi de 70,4% para 80,7%.
Esse percentual, no entanto, difere de acordo com as classes sociais. Segundo Hildebrand, a internet tem hoje 38% de penetração nas classes D e E; 80% na classe C; e 96% nas classes A e B. O mesmo acontece com as velocidades de acesso, maiores nas classes mais altas. Estes percentuais representam hoje cerca de 40 milhões de pessoas sem acesso à internet. “Endereçar o desafio da inclusão digital é fundamental para o País, tanto social quanto economicamente”, ressaltou.
Esse desafio, segundo o executivo, passa por dois tipos de abordagem: infraestrutura e demanda. Na primeira, é fato que o Brasil tem hoje uma infraestrutura de qualidade amplamente disponível. Não por acaso, o setor de telecomunicações no Brasil é o segundo que mais investiu em infraestrutura nos últimos três anos. “Como resultado, temos 92% dos municípios atendidos por fibra e 99% com infraestrutura 4G ou 5G. Este não é o principal gargalo para levar a internet a quem não tem acesso”, disse.
Para Hildebrand, o problema está na abordagem da demanda, que passa por questões como equipamentos, planos, preços e alfabetização digital. Uma pesquisa apresentada por ele mostra que mais da metade dos usuários que não acessa a internet não o faz porque não sabe como utilizá-la, ou não tem interesse nisso. Outros 29% não acessam por causa do preço do serviço e 4% por causa do preço dos equipamentos.
O executivo acredita que a ampliação do acesso passa necessariamente por estímulos do governo em relação à demanda. Isso pode ser feito com medidas de reequilíbrio da carga tributária do setor, por exemplo, que hoje é uma das mais altas do mundo – comparando apenas o setor de telecomunicações – e uma das mais altas do Brasil, em comparação com outros setores.
“Isso também passa por programas de estímulo à demanda”, afirmou, citando como exemplo o programa Lifeline que, nos Estados Unidos, dá descontos nas mensalidades de serviços para indivíduos carentes. No Brasil, o executivo citou também os exemplos da tarifa social de energia e do subsídio temporário aos combustíveis como medidas que podem estimular o uso de internet. Por fim, Hildebrand reforçou que o governo deve estar atento à necessidade de alfabetização digital, traduzida pela habilidade do usuário em fazer uso da tecnologia. “Hoje apenas 20% dos brasileiros são capazes de realizar atividades básicas, como mandar um e-mail ou preencher uma planilha, 12% conseguem realizar atividades intermediárias e apenas 2%, atividades avançadas”, completou, lembrando que esses números significam quase 70% dos brasileiros sem qualquer habilidade digital.
Foto: Vitor Brandão – Estúdio Versailles/Telebrasil