Setor de telecomunicações assume o papel de orquestrador da transformação digital

Anatel trabalha para estimular e atrair data centers para o Brasil e empresas reposicionam suas estratégias para ajudar o cliente na jornada digital

Brasília, 06/11/24 – A consolidação do setor de telecomunicações como um dos principais impulsionadores da transformação digital no mercado foi tema de debate no primeiro dia do Painel Telebrasil 2024. No encontro, representantes de provedores, fornecedores e da Anatel mostraram como as empresas do setor têm se destacado em ofertas agregadas que reúnem o que é necessário para ajudar empresas em sua jornada digital.

O diretor de Marketing ICT da Huawei do Brasil, Carlos Roseiro, citou um framework segundo o qual a transformação digital é igual à conectividade, mais nuvem, mais inteligência artificial. “Devemos discutir estes três componentes para entender as tendências que o mercado deve seguir”, defendeu.

A diretora-executiva de Governo da Embratel, Maria Teresa Azevedo Lima, fez uma comparação semelhante, lembrando que a economia digital é baseada em tecnologia digital e internet e que a conectividade é a base para tudo isso. O que explica por que o setor privado tem investido fortemente na criação e expansão de uma infraestrutura que suporte essa nova economia. “A Claro tem feito investimentos significativos na implantação do 5G, e a expectativa é que nos próximos cinco anos estes investimentos superem a casa dos R$ 40 bilhões”, exemplificou.

Na mesma medida, ela lembrou que a Embratel tem procurado atuar como habilitadora dessa transformação, ajudando as empresas a lidarem com redes cada vez mais complexas. “Para isso, ampliamos muito nosso portfólio e agregamos soluções como serviços em nuvem, serviços de segurança e serviços profissionais. Isso tudo com foco no cliente”, disse, reforçando que a visão de futuro da companhia prevê a integração cada vez maior destas soluções em um ambiente colaborativo.

O foco nas necessidades do cliente foi ressaltado também pelo conselheiro especial do Senai-SP Wilson Cardoso para quem o mercado está perdendo oportunidades por não enxergar como combinar tecnologias como 5G e IA. Ele citou o exemplo dos incêndios que atingiram o estado de São Paulo este ano, provocando prejuízos de cerca de R$ 1 bilhão. “Que rede estamos montando para prevenir novos incêndios?”, questionou. Cardoso afirmou ser importante envolver todo o ecossistema.

Esse novo posicionamento deverá ser fruto do amadurecimento do mercado. Para acelerar este processo, a Anatel acredita nas redes 5G como um catalisador que vai permitir às operadoras conquistarem o mercado B2B. Para que isso ocorra, o conselheiro substituto da agência Vinicius Caram disse que a Anatel vem trabalhando em várias políticas de crescimento com foco no setor e na expansão dos serviços.

“O setor tem investido cerca de R$ 40 bilhões ao ano em todo o ecossistema. Acreditamos que a expansão do 5G e de seus modelos de negócios vai ocorrer. Estamos trabalhando para que o 5G seja o habilitador disso tudo”, frisou Caram. Em outra frente, o conselheiro disse que a agência vem trabalhando também para estimular e atrair data centers para o Brasil. Uma das possibilidades é a sugestão de redução de impostos, estimulando a criação dessas estruturas por aqui. “Temos que pensar em regulamento de qualidade e para isso temos avançado nessas discussões com o setor e incentivado novos regulamentos.”

Integrando soluções

Parece haver um consenso em torno da necessidade de um agente orquestrador, ou integrador. Maria Teresa, da Embratel, reconhece que a companhia vem tentando assumir esse papel em um movimento que começou internamente. “Passamos de uma empresa de excelência em conectividade para uma empresa que oferece soluções digitais. Essa transformação foi emblemática”, destacou.

Outro movimento feito no sentido de mudar seu posicionamento foi a busca por parcerias estratégicas com fabricantes, provedores de nuvem e fornecedores de equipamentos, o que resultou no que a executiva chama de um rol de parceiros vasto e confiável e que conta também com um hub de inovação aberta. Não por acaso, a companhia conta hoje também com um Centro de Excelência em Cloud e inaugurou recentemente um Centro de Excelência em IA.

Para Cardoso, do Senai, ao assumir o papel de orquestrador da transformação digital, o setor deve ter em mente a necessidade de combinar soluções que vão do RFID ao satélite. “É preciso descobrir qual o tamanho certo da solução, dando uma resposta neutra sobre o que serve do ponto de vista de conectividade e de capacidade. Nossa função como provedor é trazer soluções de menor custo e maior efetividade”, defendeu.

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