World Skills: medalhas de ouro para os brasileiros

World Skills são as habilidades do mundo. Também é o nome de uma olimpíada internacional de talentos. É bianual. Ocorre desde 1950, só para jovens até 22 anos. No 41º World Skills London/2011 foram 45 modalidades, mil competidores, 51 países. Brasil, atrás da Coreia do Sul, tirou o 2º lugar do certame, com medalhas de ouro, prata e bronze. Um feito notável que o mestre José Pastore registrou no O Estado de S.Paulo, de 25/10/2011. Veja aqui.

OS BRASILEIROS BRILHARAM, MAIS UMA VEZ!

Os brasileiros obtiveram oito medalhas de ouro nos campos do desenho mecânico, eletrônica industrial, mecânica de refrigeração, mecatrônica, joalheria e web design e ganharam três medalhas de prata em polimecânica, design gráfico e tecnologia da informação. Além disso, conquistaram várias medalhas de bronze e certificados de excelência, o que os colocam entre os jovens mais bem preparados do mundo.

A imprensa deu pouca atenção aos jovens brasileiros que, no início de outubro, disputaram o mais difícil torneio mundial de qualificação profissional, realizado em Londres – o World Skills que reuniu 944 competidores de 51 países das mais diversas profissões.

Pois bem. Pela segunda vez, os 28 estudantes brasileiros do SENAI conquistaram o prestigioso 2º. lugar, ficando atrás apenas da Coréia do Sul, e na frente do Japão, Suíça, Alemanha, França, Estados Unidos e muitos outros super-desenvolvidos.

Os brasileiros obtiveram oito medalhas de ouro nos campos do desenho mecânico, eletrônica industrial, mecânica de refrigeração, mecatrônica, joalheria e web design e ganharam três medalhas de prata em polimecânica, design gráfico e tecnologia da informação.

Além disso, conquistaram várias medalhas de bronze e certificados de excelência, o que os colocam entre os jovens mais bem preparados do mundo.

Essa é uma notícia maravilhosa e que merece ser mais divulgada. A necessidade da boa formação profissional é mundialmente reconhecida. Passou o tempo em que as famílias rejeitavam essas profissões por serem de mãos sujas.

Em uma pesquisa realizada em junho de 2011 na União Européia, 71% dos entrevistados indicaram que as escolas profissionais desfrutam de uma imagem altamente positiva. Cerca de 80% consideram o ensino técnico como absolutamente necessário para as empresas e para as pessoas que, com ele, passam a ter melhores oportunidades de trabalho. A maioria discorda frontalmente que as profissões técnicas sejam menos apreciadas pela sociedade (Attitudes towards vocational education and training, European Commision, 2011).

No Brasil, igualmente, as famílias disputam freneticamente as matrículas nas boas escolas profissionais, em especial, as do SENAI. Cada vez mais, os prefeitos municipais e as lideranças locais pressionam os empresários para ampliar as vagas naquelas instituições.

Felizmente, as oportunidades de ensino nesse campo começam a aumentar. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais, em 2001, as matrículas no ciclo profissional representavam apenas 5% do total de alunos no ensino médio regular. Em 2009, essa proporção passou para 10%. Ainda é pouco, mas já é um avanço.

Os que passam pelas escolas profissionais se empregam mais facilmente e têm renda 20% superior aos que fizeram o ensino médio regular. Para os que cursaram as boas escolas técnicas, a diferença é muito maior. São profissionais disputadíssimos. Tomei conhecimento de um empresário que está construindo uma refinaria de petróleo no nordeste. Seu maior desespero no momento é constatar que, todos os meses, a empresa contratante lhe rouba 50% dos seus melhores funcionários, desde mecânicos, soldadores e eletricistas, até projetistas, gestores e mestres de obras.

Essa pilhagem está em toda parte. As redes de hotéis, por exemplo, só conseguem pessoal qualificado quando tiram de outras – um alerta aos organizadores dos eventos esportivos de 2014 e 2016. Nas montadoras de veículos, os técnicos aposentados estão de volta ao trabalho. No setor de óleo e gás as empresas estrangeiras eu chegam ao Brasil fazem de tudo para seduzir os técnicos que a duras penas foram formados pela Petrobrás. Muitas firmas já buscam candidatos nos bancos das universidades ou das escolas técnicas e as grandes mantêm suas próprias unidades de ensino.

A competição por talentos bem preparados está se transformando numa verdadeira guerra. Segundo pesquisa da CNI, dois terços das indústrias brasileiras estão com dificuldades para preencher os cargos disponíveis.

Por tudo isso, os resultados que indicam a boa qualidade do ensino do SENAI e a expansão do ensino profissional merecem ser comemorados. O Brasil descobriu o caminho das pedras: educar mais e melhor.

*José Pastore é professor da FEA-USP, membro da Academia Paulista de Letras e Presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Fecomércio de São Paulo. www.josepastore.com.br

Publicado originalmente no Jornal O Estado de S.Paulo, em 25/10/2011.

O que é World Skills

World Skills é o nome de um torneio Internacional de Educação Profissional promovido pela Internacional Vocation Training Organization (IVTO). O certame é realizado a cada dois anos. Com mais de meio século, foi instituído em 1950. Basicamente, é um torneio entre jovens profissionais de várias regiões do mundo. No evento, eles trocam habilidades, experiências e inovações tecnológicas. A ideia é competir na sua especialidade – são quase 50 – e procurar ganhar o título de melhor do mundo.

Os jovens profissionais que competem neste torneio são selecionados por seus respectivos países. Há algumas regras. Só se pode participar apenas uma vez desse torneio. Os competidores escolhidos devem ter, no máximo, 22 anos de idade. Atualmente, a seleção brasileira de talentos está a cargo do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).

O Brasil ganhou em 2011, em Londres (Reino Unido), oito medalhas de ouro no 41º World Skills, um recorde histórico para o País. Em 1999, 2003 e 2007 foram duas medalhas de ouro. Em 2009, o País ascendeu para quatro. Na classificação geral, o Brasil também vem melhorando. Em 1993, obteve um quinto lugar; em 2007, um segundo lugar; e em 2009, um terceiro. O Brasil participou do certame pela 1ª vez em 1981. O próximo evento, 42º World Skills, já tem data e local definidos. Será em 2013, na cidade de Leipzig, na Alemanha. Até hoje, mais da metade dos eventos ocorreram na Europa, seguindo-se o Oriente (19º WS 1970, em Tóquio).

Os talentos no World Skills

A lista de talentos disputados na olimpíada World Skills é extensa. Eles requerem a habilidade, o know-how, a tecnologia do saber fazer, o desempenho, a proficiência. Atualmente, as olimpíadas World Skills contemplam as grandes categorias de transporte e logística; tecnologia de construção e de edificações; tecnologia em manufatura e engenharia; artes criativas e moda e serviços sociais e pessoais e, obviamente, a tecnologia da informação e comunicação (TIC).

Detalhando as especialidades que integram essas diversas categorias que concorrem na olimpíada de talentos – a de Londres durou quatro dias –, citam-se: acabamento em fibras e gesso; aplicação de revestimentos cerâmicos; artes criativas e moda; cabeleireiro; carpintaria; confeitaria; construção de molde plástico; construção em alvenaria; construção em metal; controle industrial; cozinha; desenho mecânico; design gráfico; eletricidade predial; eletrônica industrial; encanamento e aquecimento; entalhador em madeira; e entalhador em pedras.

Mas, há ainda floricultura; fresagem; impressão offset; instalação e manutenção de redes TCP/IP; jardinagem e paisagismo; joalheria; lanternagem e funilaria; manufatura integrada; manutenção de aeronaves; marcenaria; mecânica de automóvel; mecânica de refrigeração; e mecatrônica.

A lista se completa com modelação industrial; pintura automotiva; pintura e decoração; polimecânica e automação; robótica móvel; serviço de restaurante; serviço social; serviços sociais e pessoais; sistema de transporte de informações; soldagem; tecnologia da informação; tecnologia em folhas metálicas; tecnologia em manufatura e engenharia; telhados metálicos; terapia da beleza; tornearia a CNC – controle numérico computadorizado; transporte & logística; e web design.

Países que integram a World Skills

A década de 50 viu o surgimento do World Skills, primeiramente na Península Ibérica (Portugal e Espanha, em 1950) e depois, a adesão da Suíça. Alemanha, França, Reino Unido e outros, num total de nove países europeus. A década de 60 viu a chegada do Oriente, com Japão (1961) e Coreia (1962).

A década de 70 foi marcada pela chegada da China de Taipei (1970) e dos EUA (1973). Na década de 80, a World Skills acrescentou dois novos continentes, com a entrada (1981) da Austrália e do Brasil, já totalizando 20 países.

Os anos 90 viram a chegada, dentre outros 15 países, do Canadá (1990), África do Sul (1990), Itália (1995), Emirados (1997). Depois da virada do século, foi a vez do Irã (2000) e de três países da América Latina, Venezuela (2002), México (2005) e Equador (2006). Dos BRICs, além do Brasil (1981), entraram para o World Skills a Índia (2006) e a China (2010). Hoje, a World Skills conta com 53 países membros.

Excelência brasileira, em 2011

Segundo os organizadores, trouxeram medalhas (ouro, prata e bronze) para o Brasil, na World Skills 2011, em Londres: Guilherme Augusto Franco de Souza (São Paulo), vencedor em “Desenho Mecânico em CAD (computer aided design)”; Gabriel D’Espindula (Paraná), em “Eletrônica Industrial”; Willian Ramon de Souza (Distrito Federal), em “Mecânica de Refrigeração”; Christian Alessi/Maicon Carlos Pasin (Rio Grande do Sul), em “Mecatrônica”; Natã Miccael Barbosa (Santa Catarina), em “Web Design”; Rodrigo Ferreira da Silva (Rio Grande do Sul), em “Joalheria”; Paolo Haji de Carvalho Bueno (São Paulo), em “Tecnologia da Informação”; Avner de Lima Santos (Alagoas) em “Instalação e Manutenção de Redes”; Thiago Guilherme de Carvalho (Minas Gerais), em “Fresagem CNC”; e Lucas Landriny Filgueira (Rio Grande do Norte), em “soldagem”.

Além das medalhas, o Brasil ainda trouxe dez diplomas de excelência, em confeitaria (MG), eletricidade industrial (MG), eletricidade predial (MG), instalação e manutenção de rede (AL), robótica móvel (SC), tornearia CNC (MG), técnico em enfermagem (RS), serviço de restaurante (BA) e cozinha (BA). (JCF)

Acesse,aqui o link da a matéria de José Pastore.