30 governos já usam plataforma das operadoras para medir isolamento social

Durante a live “Mobile Big Data no combate à pandemia”, do Mobile Time, o presidente-executivo do SindiTelebrasil, Marcos Ferrari, lembrou que a plataforma Mapas de Calor está sendo usada para o combate à Covid-19 por governos estaduais e municipais

O presidente-executivo do SindiTelebrasil, Marcos Ferrari, disse nesta quinta-feira, 14/05, durante a live “Mobile Big Data no combate à pandemia”, do Mobile Time, que cerca de 30 governos estaduais e municipais já estão usando a plataforma Mapas de Calor, das operadoras de telefonia móvel, que auxilia a medição dos índices de isolamento social.

Ele explicou que a ferramenta considera o número de celulares por antena. “A gente não trabalha com dados pessoais. Não se sabe qual é o número, qual a operadora, muito menos quem é a pessoa. Só sabemos que determinado número de linhas se conectou em uma antena ou se movimentou ao longo do dia”, explicou.

Ferrari deu exemplo de Brasília para explicar o funcionamento da plataforma. “O normal é que durante a noite, as manchas de calor se concentrem na Asa Sul e na Asa Norte (bairros da capital), porque as pessoas estão em casa. Durante o dia, em condições normais, essas manchas se dissipam e vão para a Esplanada dos Ministérios, porque as pessoas vão trabalhar”, disse. “Em quarentena, se pressupõe que as manchas de calor permaneçam nas Asas todo o dia, porque as pessoas estão fazendo isolamento social”, completou.

Assim, o índice de isolamento é determinado pelo percentual de aparelhos que permanecem na mesma antena durante o dia em relação ao que foi registrado durante a noite. “É um dado gravado na antena, como se fosse um contador de linhas, vai contanto o número de linhas que ficam conectadas na antena e aquelas que se deslocam ao longo do tempo”, acrescentou.

Ferrari explicou que a plataforma é uma iniciativa voluntária e gratuita das quatro maiores operadoras do País – Claro, Oi, TIM e Vivo – motivadas pela experiência vivida nos países de origem, especialmente Espanha e Itália, que foram atingidos pela pandemia antes do Brasil. “Nós antecipamos essa tecnologia, montamos essa plataforma e oferecemos às autoridades públicas. Com esse nível de dados é possível fazer uma inferência estatística muito aproximada de como está ocorrendo o isolamento social.”

A plataforma está disponível para municípios acima de 500 mil habitantes, capitais, estados e governo federal. Para terem acesso, esses governos têm que assinar um Acordo de Cooperação Técnica, com todas as obrigações, e um Termo de responsabilidade e confidencialidade. O cadastro só pode ser feito por pessoa que possui um e-mail com terminação .gov e os documentos só podem ser assinados pela autoridade máxima do ente federado, governador ou prefeito. “Então, o nível de segurança que estamos impondo, mesmo sendo um dado agregado, está muito elevado e é exclusivamente para o combate à Covid-19.”

O presidente-executivo do SindiTelebrasil reforçou o fato de que a privacidade dos usuários está sendo preservada. “Por definição, a gente não trabalha com dado pessoal, os dados são estatísticos, gravados nas antenas. A gente não chega a essa camada de dados pessoais. A ferramenta mede deslocamento estatístico de aglomerações”, assegurou ele, acrescentando que o dado mostrado na ferramenta é sempre do dia anterior.

Ao ser questionado sobre a vigência da Lei Geral de Proteção de Dados, Ferrari afirmou que o setor sempre defendeu a LGPD, mas ponderou que antes é necessário regulamentar a lei e constituir a Autoridade Nacional de Proteção de Dados e o Conselho Nacional de Proteção de Dados.  “É isso que está precisando ser feito para dar segurança jurídica a todos os cidadãos e às empresas que trabalham com dados”, afirmou.

Por fim, Ferrari acrescentou que o grande legado positivo que ficará da pandemia será um ganho de produtividade para a sociedade como um todo, em função dos novos hábitos, como home office, educação a distância e telemedicina, por exemplo. “Vamos sair dessa pandemia um mundo mais digital. Em um mês fizemos no mundo todo o que levaria de 4 a 5 anos de planejamento.  É uma série de aplicações que encurtou o tempo e, com essas ferramentas, a economia vai ser mais produtiva”, concluiu.

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