Letramento digital é prioridade para uma sociedade mais inclusiva

Especialistas afirmam que o próximo desafio está em levar os dispositivos para a mão dos estudantes

Brasília, 06/11/24 – “Uma educação de qualidade é condição fundamental para todos os cidadãos; ela abre uma janela para entender o mundo em que vivemos e atuar de forma crítica por uma sociedade mais inclusiva. Para uma educação de qualidade, não podemos deixar de citar a demanda crescente por tecnologias educacionais, que são desigualmente acessíveis ou inacessíveis”. Assim Marise De Luca, da organização Mulheres do Brasil, abriu o painel que debateu educação, inclusão e responsabilidade social por meio da conectividade, durante o primeiro dia do Painel Telebrasil 2024, em Brasília.

Na base, a conectividade é um direito básico dos cidadãos e permeia os objetivos da Organização das Nações Unidas (ONU). “Vivemos em um mundo na qual a inclusão digital é condição essencial para o exercício da cidadania. A transformação digital abrange toda a sociedade e não pode excluir pessoas não aptas”, seguiu De Luca, antes de passar a palavra aos debatedores.

Liana Figueiredo, diretora de Políticas Públicas da MegaEdu, uma organização sem fins lucrativos voltada a apoiar governo e setor privado no desafio de conectividade de escolas, apontou que a pandemia revelou o abismo da desigualdade na inclusão digital e na cidadania digital. “Observamos que era uma pauta que não existia”, assinalou.

O passo seguinte foi trabalhar na alocação de recursos, que, disse a diretora do MegaEdu, existiam, mas careciam de uma coordenação, com governança. Ela explicou que o objetivo era que as políticas não deixassem ninguém para trás e não se sobrepusessem. “Hoje, estamos vendo isso acontecer, com as políticas sendo executadas, e, agora, é acompanhar o ritmo da execução”, apontou Liana Figueiredo.

O próximo desafio está nos dispositivos. Até agora, disse, as políticas estiveram focadas na parte mais dura da infraestrutura. “É o dispositivo que vai fazer a realidade da tecnologia chegar na mão do estudante”, ressaltou.

O CEO da Algar Telecom, Luiz Alexandre Garcia, acrescentou que a inclusão digital passa por um conjunto de fatores, que vai da cobertura, do acesso à internet até equipamentos que sejam acessíveis a toda a sociedade. “É importante falar do custo do serviço, porque, se não for acessível, as pessoas não vão conseguir acessar”, ponderou.

O CEO reforçou também que o letramento digital é necessário. “O desafio, às vezes, é o próprio professor conseguir usar as ferramentas digitais; se ele não consegue, como vai fazer letramento dos alunos?”, destacou.

A evolução passa pela junção de políticas públicas, da iniciativa privada e da sociedade civil trabalhando em colaboração para endereçar a lacuna de conectividade. “A digitalização precisa ser projeto estratégico de Estado e parcerias são bem-vindas, usando a iniciativa privada para fazer a conectividade”, disse Luiz Alexandre Garcia. “Conectar as escolas não é desafio de um setor só. O setor público tem papel essencial, já que estamos falando de escolas públicas, mas a conectividade das escolas é uma grande oportunidade de negócio para o setor de telecom”, acrescentou Liana Figueiredo.

Um exemplo está no Amazonas, no projeto Norte Conectado. Leandro Guerra, presidente da Entidade Administradora da Faixa de 3,5 GHz (EAF) explicou que seis infovias somarão 9 mil quilômetros de cabos subaquáticos levando acesso à internet para a região amazônica. “Outro aspecto é a inclusão. Em cada uma das comunidades ribeirinhas é construída uma rede metropolitana para conectar escolas e hospitais”, contou.

As infovias 03 e 04 já foram lançadas e, em breve, será inaugurada a 02. “Levamos inclusão onde a infovia está passando. Se as pessoas não estiverem conectadas lá, o abismo será maior”, disse, enfatizando que a conectividade é suporte para tudo, inclusive, para ações preventivas de combate a incêndios ou desastres na floresta, com sistemas de internet das coisas podendo fazer alertas. “Neste projeto, estamos indo ao Brasil profundo, ao interior do Amazonas e a toda a região. Estamos falando em desenvolvimento social e econômico para as pessoas”, finalizou.

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