Classes C, D e E aumentaram o consumo de Internet com a Covid-19

Houve um expressivo aumento no uso de serviços públicos e financeiros e do comércio eletrônico, revela o Painel TIC COVID-19, feito pelo CETIC.br, do NIC.br. O estudo revela ainda que as transmissões online cresceram 64% de março a junho.

A Internet se tornou ferramenta indispensável para o enfrentamento dos efeitos da pandemia COVID-19, e gerou mudança nos hábitos dos brasileiros nesse período. O comércio eletrônico e as atividades culturais on-line apresentaram alta: 66% dos usuários de Internet de 16 anos ou mais afirmaram fazer compras de produtos ou serviços on-line, proporção que era de 44% para a mesma população em 2018.

Da mesma maneira, as transmissões on-line de áudio e vídeo em tempo real ganharam maior projeção no período: em relação a 2016, a proporção de usuários de Internet que acompanharam lives praticamente dobrou, apontou o Painel TIC COVID-19 , desenvolvido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), e divulgado nesta quinta-feira, 13/08.

O Painel TIC COVID-19 registrou um aumento dos usuários de Internet que realizam compras on-line em todas as regiões do País, com incremento maior entre as mulheres – passando de 39% em 2018 para 70% em 2020, para o mesmo recorte populacional. Também houve aumento na proporção de usuários que compraram comida ou produtos alimentícios, bem como cosméticos e medicamentos.

O percentual de usuários de Internet que fizeram pedidos de refeições via portais ou aplicativos de vendas triplicou, comparado com o resultado registrado há dois anos, e passou de 15% para 44% durante a pandemia. Outro ponto observado foi o aumento da comunicação direta entre empresas e consumidores, via aplicativos de mensagens instantâneas para mediar a compra de produtos ou serviços, que passou de 26% em 2018 para 46% na quarentena.

“O comércio eletrônico foi fundamental nesse momento de distanciamento social. Os dados do Painel TIC COVID-19 confirmam a tendência de avanço das transações econômicas pela Internet, acelerando um movimento que já vinha ocorrendo entre os consumidores e as empresas ao longo dos últimos anos”, ressalta Barbosa.

A pesquisa também confirmou o que todos que foram enviados para trabalhar em home office perceberam: o ritmo de adoção de apps para chamadas por voz (VoIP) aumentou. Saltou de 76% das pessoas afirmando usar a tecnologia, para 82%. Esse tipo de serviço é mais usado nas classes A e B (89%), mas tem também forte presença nas classes C (81%) e DE (74%).

O consumo de músicas e vídeos on-line também se ampliou durante a quarentena, sobretudo nas classes mais altas, entre mulheres e pessoas com 35 a 59 anos. O pagamento por serviços de streaming de filmes e séries cresceu principalmente nas classes mais baixas, enquanto os de música tiveram maior adesão entre as classes mais altas.

As transmissões online de áudio e vídeo em tempo real foram as que mais ganharam projeção no período, sendo acompanhadas por 64% dos usuários de Internet brasileiros. Embora o resultado evidencie o fenômeno das lives, a atividade segue predominante entre espectadores das classes mais altas, sendo realizada por 76% deles nas classes AB em comparação com 47% nas classes D e E.

Entre os destaques para outras atividades realizadas na rede, há um aumento expressivo na utilização de serviços públicos e financeiros pela Internet durante a pandemia, com avanço maior nas classes C e DE e entre os usuários de Internet com menor escolaridade. Apesar do aumento verificado, esses grupos ainda fazem uso de serviços financeiros e de governo eletrônico em menores proporções que os usuários de Internet das classes AB e os com maior escolaridade.

A pesquisa também registrou um aumento das atividades e pesquisas escolares pela Internet, reflexo da suspensão das aulas presenciais. Fora do ambiente escolar, notou-se uma ampliação da realização de cursos on-line e de estudo por conta própria na Internet, sobretudo entre os usuários com menor escolaridade e das classes C e D e E. Essas atividades, no entanto, ainda são oportunidades aproveitadas em maior proporção pelos usuários com maior escolaridade e das classes AB.

O Painel TIC COVID-19 estima os hábitos on-line para um universo de cerca de 100 milhões de usuários de Internet a partir de 16 anos de idade. Foram realizadas entrevistas pela web e por telefone, entre os dias 23 de junho e 8 de julho de 2020. Entre os temas avaliados estão os dispositivos utilizados para acesso à rede, o tipo de conexão pelo celular e atividades de comunicação, a busca de informação e o acesso a serviços, atividades culturais, de educação e de trabalho, com recortes por faixa etária, escolaridade, macrorregião e classe.

O Painel TIC COVID-19 contará com mais duas edições, que abordarão, respectivamente: serviços públicos on-line, privacidade e telessaúde; e ensino e trabalho remotos.

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