É preciso ter obrigações bem definidas para a implantação do 5G no Brasil, defende Ferrari
Presidente-executivo da Conexis Brasil Digital participou nesta quarta-feira de audiência pública da Câmara dos Deputados para discutir o tema do 5G no país
O presidente da Conexis Brasil Digital, Marcos Ferrari, ao participar hoje de audiência pública da Câmara dos Deputados para discutir a implantação do 5G no Brasil, enfatizou a importância de se ter regras claras e obrigações bem definidas para o edital de licitação de frequências da quinta geração, para que os investimentos sejam direcionados para a expansão dos serviços e da conectividade.
Ferrari elencou três principais pontos de atenção do setor de telecomunicações, iniciando por esclarecer que o leilão do 5G no Brasil é muito diferente do leilão dos Estados Unidos e que comparar os dois certames causa avaliações distorcidas. Ele ressaltou que as empresas que atuam nos dois países são diferentes e que nos Estados Unidos a receita das operadoras é quase 20 vezes maior que a das empresas brasileiras.
“Defendemos sempre um leilão não arrecadatório, que tenha a compreensão exata das premissas e metodologias empregadas na apuração dos valores globais das frequências. O cálculo tem que ser muito exato para que possamos, do nosso lado, entender como vamos, por exemplo, universalizar o 5G, como mencionou a deputada”, afirmou Ferrari, citando a deputada Perpétua Almeida (PCdoB/AC), que coordena o grupo de parlamentares que acompanham a implantação do 5G
O executivo pontuou ainda que obrigações muito abertas para a implantação de uma nova tecnologia traz incertezas ao setor que podem impactar os planos de investimentos. “Precisamos entender exatamente o que se quer com certar obrigações. Entendemos que se não houver uma clareza do que se quer, a gente pode ter menos recursos para investir em 5G”, acrescentou Ferrari, citando a exigência de construção de uma rede privativa para o governo e afirmando que ainda não está claro qual o tamanho dessa rede, quais órgãos deve conectar, em que cidades deve ser instalada.
“Essa falta de dimensionamento traz complexidade e fragilidade para o todo processo licitatório. O ministro Fábio Faria tem sido um grande líder nessa questão e tem dialogado conosco constantemente para tentar deixar mais claras e objetivas quais são essas obrigações”, afirmou, acrescentando que o 5G tem peculiaridades específicas e que não é possível calcular o valor das frequências usando a mesma metodologia de cálculo do 3G e 4G.
O terceiro ponto de atenção, apresentando por Ferrari, é sobre a solução para as eventuais interferências do 5G nas parabólicas (TVRO). Ele mencionou que a proposta de edital da Anatel optou pela solução da migração dos serviços de TVRO da banda C para a banda KU, que vai exigir mais investimentos e levar mais tempo que a solução de uso de filtros para a mitigação das interferências. “A migração é R$ 3 bilhões mais cara que a mitigação e vai atrasar em dois anos o 5G. O que defendemos é que se adote uma solução mais rápida, mais barata e eficiente”, concluiu Ferrari.
Também participaram da reunião Fábio Andrade, Vice-Presidente de Relações Institucionais da Claro; Eduardo Levy C. Moreira, Vice-Presidente de Relações Institucionais da Oi; Mario Girasole, Vice-Presidente de Regulatório, Institucional e Imprensa da TIM; e Átila Araújo Branco, Diretor de Planejamento de Redes da VIVO. As quatro empresas são associadas à Conexis. Além disso, dirigentes da NEO Associação, TelComp e Abrint fizeram parte do debate no promovido pela Câmara.