Futurecom 2011: Um olhar, sem compromisso, sobre o ecossistema, em sua 13ª edição – II
Futurecom é a grande reunião anual das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), com tribos de todos os lugares. Sua 13ª edição transcorreu, de 12 a 14 de setembro último, no Expo Center Transamérica, na capital paulista. Feira e congresso somaram mais de 15 mil participantes. Na sessão de gala, autoridades anunciaram a histórica sanção do PL-116, que abre o mercado de TV a cabo para a entrada das teles e cria cotas para o conteúdo nacional. O próximo Futurecom, em 2012, migra para o Riocentro. Aqui, a segunda parte.
A Provisuale, promotora do Futurecom, é uma Associada TELEBRASIL.
O ecossistema dos painéis de discussão
O formato painel é conhecido dos Futurecom. O todo envolve um(a) coordenador(a), figura conhecida na mídia especializada ou não; um facilitador(a) para organizar o debate; um tema quente do momento; uma dezena de painelistas, tangidos pela fórmula “vocês terão três minutos para se expressar sobre o tema e depois a gente retorna”; e a famosa promessa: “ao final, se houver tempo, a gente abre para manifestações da plateia”.
Os painelistas são normalmente gente superpreparada, pela sua carreira e vivência pregressas. Eles competem para dar seu recado ao público e a uma imprensa que os assiste e julga. Lançam até farpas – a plateia adora – aos concorrentes que se veem na obrigação de retrucar “ao vivo e no mesmo tom”; todo o mundo sabendo que isso é “brincadeirinha”. A fórmula painel funciona. Para os organizadores, permite acomodar pessoas e empresas que querem (ou precisam) aparecer. Para os participantes do congresso, é a visão de um debate democrático focado nas TICs, envolvendo representantes de prestadoras, da indústria fornecedora, do Estado e do Governo.
O 13º Futurecom foi rico em painéis que são intercalados na grade dos palestrantes individuais. Contaram-se seis no primeiro dia, sete no segundo e quatro no terceiro, num total de 17. Com a média de oito painelistas por debate, produziram-se mais de 160 especialistas trocando opiniões sobre temas da atualidade. Isto sem contar os cinco painéis no auditório “Internet Arena”, voltados só para a grande rede. O setor das TICs, no 13º Futurecom, se comunicou.
Sendo impossível por motivo de espaço citar, ainda que resumidamente, tudo que foi dito, segue, pelo menos, a lista das pessoas jurídicas que deles participaram: Abinee; Abranet; Abril; Acision; Andrade Gutierrez; Alcatel-Lucent; Amdocs; Anatel; Atos; Bull; CA; Câmara Federal; CGI.br; Ciena; Cisco; Citel; Claro; CNC Argentina; Conatel; CPM Braxis Capgemini; CPqD; CRC Colombia; Datasus; Ericsson; ETSI; Genband; GVT; Huawei; IBM; iG; KPMG; MasterCard; Ministério das Comunicações; Ministério do Planejamento; Motorola Solutions; Movile; MTV; Navteq; NEC; NET; Nokia Siemens Networks; Oi Paggo; Oi; Oracle; Orion; Polícia Militar SP; Portugal Telecom; Prodesp; PromonLogicalis; RBS; Senado Federal; Spring Wireless; Telebrás; Telecomp; Telefônica; Telent; Tellabs; Terra; TIM Web; TIM; União Europeia; UnB; UOL Diveo; Visa; Vivo; e ZTE.
Houve variedade nos temas tratados nos 17 painéis do 13º Futurecom. Alguns se voltaram para assuntos de ordem mais geral, como sociedade conectada, cidades inteligentes, segurança e cenário multimídia; e outros tiveram um background mais tecnológico, como computação em rede, MVNO – mobile virtual network operator – e MNO – mobile network operators. Painéis elegeram as aplicações como foco: a mobilidade nos negócios, o dinheiro eletrônico móvel, as aplicações em banda larga; e ainda outros escolheram tratar dos desafios a vencer: as TICs para a Copa do Mundo (2014) e Olimpíadas (2016); a regulação na América Latina (vieram reguladores da Argentina, Colômbia, Paraguai); e o importante debate sobre o plano de frequências (o combustível da mobilidade).
O ecossistema da Sessão de Gala
Alguns flashes. A Sessão de Gala (Master Session) deu-se no grande espaço do restaurante, preparado para a solenidade. Mais de mil pessoas estiveram na plateia. André e Luis Alberto Veiga recepcionaram os componentes da mesa, inclusive os pais, Laudálio e Janete. A Banda Militar do Estado de São Paulo entrou marchando e tocando uma fanfarra. Também tocou o Hino Nacional Brasileiro. Ninguém cantou. Membros da banda rufaram tambores na entrega dos prêmios.
Mais flashes. A apresentadora foi Renata Bomfiglio Fan (miss Brasil 1999), surgindo muito pintada, em close-up, nos grandes telões. No mesmo momento da Sessão de Gala ocorria, perto do Expo Center, a final do concurso Miss Universo – a concessão é de Donald Trump, de 65 anos, a 278ª pessoa mais rica do mundo –, ganhando em primeiro lugar miss Angola. Carlos Slim Helu, de 71 anos (America Movil), continua, dados de 2010, como o mais rico do mundo, ultrapassando Bill Gates, de 56 anos (fundador da Microsoft). O brasileiro Eike Batista, de 55 anos, é o 8º mais rico.
A Sessão de Gala teve grande mesa de honra, num palco elevado, com 21 pessoas das mais VIPs; Banda Militar do Estado de São Paulo; entrega de prêmios; pronunciamento de autoridades, parlamentares e do promotor do 13º Futurecom; homenagem a Renato Guerreiro (primeiro presidente da Anatel); e encerramento, com a importante fala do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, com anúncio da sanção, pela presidente Dilma Rousseff, do PLC-116, que abre o mercado de TV a cabo para as teles e cria cotas para o conteúdo nacional.
Laudálio Veiga, de 64 anos, em sua já tradicional saudação, além de elogiar “uma imprensa livre e vigilante”, mencionou a banda larga e as TICs como “fatores para se atingir uma sociedade pluralista, democrática e convergente”.
O senador Walter Pinheiro (PT-BA) chamou o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, de “pé quente”. Elogiou ser ele “destemido e desafiador” e ter se envolvido, rapidamente, com a comunidade das TICs. Saudou Jorge Bittar (PT-RJ) e o presidente da CCTCI – Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática –, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE). Preveniu Hamadoun Touré, secretário-geral da UIT, que ele “iria conviver com outro Brasil”. E lembrou para Francisco Valim, recém-chegado a presidente da Oi e companheiro de mesa solene, que ele (Pinheiro) havia sido empregado da prestadora. (N.R.: o senador foi da Telebahia, depois Telemar Norte Leste e Oi).
Representando o governador Geraldo Alckmin, o ex-deputado (PSDB-SP) Julio Semeghini, hoje secretário de Gestão Pública do Estado de São Paulo, lembrou a importância da banda larga e da tecnologia 4G para a Copa do Mundo de 2014.
Antonio Carlos Valente, na qualidade de presidente da TELEBRASIL – Associação Brasileira de Telecomunicações, entregou a Hélio Graciosa, presidente da Fundação CPqD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento –, uma placa comemorativa saudando os 35 anos de trabalho e realizações da entidade.
Sob o rufar dos tambores, foram entregues os Prêmios Inovação, da Provisuale e do Instituo Sérgio Motta, em seu segundo ano. O prêmio distingue as três melhores aplicações em VAS – value added services – para telecomunicações. Recebeu o 1º Prêmio – participar do Consumer Eletronics Show, em janeiro, em Las Vegas (EUA) – das mãos do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, o engenheiro Carlos Roberto Freire, da Vitria, em nome do presidente da Mídia Business, Carlos Eduardo Jereissati Ary, que se encontrava em Nova York. A inovação premiada usa o reconhecimento semântico (Vitria) em redes sociais no relacionamento entre empresa e consumidores (Mídia Businnes). Dentre outros, foram da comissão julgadora do prêmio: Cesar Rômulo Silveira Neto (TELEBRASIL), Eduardo Levy (SindiTelebrasil) e Hélio Graciosa (CPqD).
Sessão de Gala encerrada pelo ministro
A Sessão de Gala foi encerrada pelo ministro das Comunicações, cujo denso pronunciamento foi quase uma palestra. O setor vive momento promissor com milhões de brasileiros com mais renda para consumir. Quanto ao País, ele fez o dever de casa: acumulou reservas, caiu a taxa de juros e a inflação está sob controle.
O Governo Federal está resgatando o pensar estratégico. Metas do Plano Plurianual para 2015 elevam, de 17,4 milhões para 40 milhões, o número de residências conectadas à Internet; de 16,4% para 32%, as residências com TV por assinatura; e de 40% para 70%, o uso da Internet pela população. No entanto, falta investir no setor de telecomunicações. Nos últimos quatro anos, o ritmo foi de 17 bilhões/ano, “que é insuficiente para dar conta das demandas dos brasileiros”. Os equipamentos tablets foram desonerados e quando forem massificados e incorporados às escolas públicas, a rede atual será incompatível. Até 2014, acessos a R$ 35,00 deverão estar disponíveis em todos os municípios do País.
O ministro citou a nova Lei do Audiovisual de acesso condicionado (Lei 12.458/11), que tinha acabado de ser sancionada pela presidente Dilma Rousseff e que ainda precisa ser regulamentada. Com a sua aprovação, empresas estrangeiras poderão explorar o mercado de distribuição de TV a cabo. Pela regra atual, elas só podiam atuar por meio de outras empresas, com participação limitada em 49%. A nova lei unificou as regras da TV por assinatura, seja via satélite, cabo ou micro-ondas (MMDS). Agora, prestadoras de telefonia fixa poderão vender “combos” de TV paga, telefone e banda larga, “com vantagem para o consumidor”, comentou Paulo Bernardo.
Referiu-se ainda o ministro às Regras Especiais de Tributação para o PNBL – Plano Nacional de Banda Larga. Elas vão equivaler a um investimento de mais R$ 20 bilhões até 2016. Dentre seus impactos positivos: a redução em R$ 3 bilhões do déficit da balança comercial do setor; a geração de 23 mil novos empregos diretos; e o aumento de 50% para 62% da participação de equipamentos nacionais nos investimentos.
No campo internacional, referiu-se o orador ao plano de parceria do Brasil com países sul-americanos. Será criado um anel ótico para levar serviços baratos de Internet para as populações. Reuniões já foram mantidas com representantes dos governos do Chile e da Colômbia, da Cepal – Comissão Econômica para a América Latina e Caribe – e do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento – e devem prosseguir com outros países e entidades. O ministro foi aplaudido, e a sessão de gala, encerrada.
Ecossistema 2012
O 13º Futurecom ressentiu, talvez, a falta de um painel sobre satélites e demais presenças da radiodifusão e dos produtores de conteúdo. Com a chegada da Lei do Audiovisual (fruto do PLC-116) e de sua regulamentação, aliada aos grandes eventos mundiais aguardados para 2014 e 2016 para o Brasil, é bem provável que o ecossistema Futurecom, em sua 14ª edição, no Rio de Janeiro, se veja enriquecido com novos atores.