Painel Telebrasil: Indústria 4.0 passa pela maturidade das empresas e melhor uso da tecnologia

Especialistas sugeriram a criação de um projeto nacional para acelerar a digitalização e a massificação da indústria 4.0, com a participação de agentes privados e públicos.

São Paulo, 14/06/23 – O Brasil precisa se unir em um projeto nacional para acelerar a digitalização e a indústria 4.0, sustentaram os especialistas que participaram do painel “Indústria 4.0: conectando fábricas inteligentes”, realizado no Painel Telebrasil Innovation, nesta quarta-feira (14), em São Paulo. Estiveram no painel, Bruno Jorge, head de Difusão de Tecnologia da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI); Gustavo Moura, diretor de Transformação Digital da Nestlé; Alexandre Dal Forno, diretor de IoT&5G para Indústria 4.0 da TIM; Alexandre Gomes, diretor de Marketing da Embratel; Carlos Lauria, diretor de Relações Institucionais da Huawei do Brasil; Murilo Barbosa, vice-presidente de Negócios da Ericsson, e Wilson Cardoso, CTO para a América Latina da Nokia.

Bruno Jorge, head de Difusão de Tecnologia da ABDI, destacou que a indústria de comunicação passou a participar da indústria 4.0 com a habilitação do 5G, uma vez que até então esse movimento era da indústria de TI e de automação. Ele ressaltou que 5G e Inteligência Artificial são duas forças que se alimentam e vão impulsionar o mercado nos próximos anos. “Um sistema de fábrica de plásticos, com investimentos de R$ 300 mil, proporcionou um retorno de R$ 5 milhões e estamos falando apenas da otimização da produção. Quando pensarmos em modelos de negócio, esses ganhos podem ser ainda maiores”, observou.

O diretor de Transformação Digital da Nestlé Brasil disse que a empresa começou a jornada rumo à transformação digital em 2018, e a rede privativa 5G é apenas mais um passo dessa jornada. “A rede privativa 5G vai nos habilitar a coletar dados, que são a base para as aplicações de inteligência artificial. A inovação está no DNA da Nestlé. Lembro que em 1929, na crise da bolsa, a Nestlé criou a tecnologia do café solúvel. A indústria 4.0 é só mais uma forma para avançar com a inovação”, pontuou Gustavo Moura.

O 5G é um habilitador, mas sem casos de uso, a tecnologia pela tecnologia não resolve nenhum problema do cliente, disse o diretor de IoT & 5G da TIM, Alexandre Dal Forno. Há cinco anos, a TIM elegeu Internet das Coisas como um dos pilares da estratégia de seu crescimento no Brasil. A indústria foi uma das verticais escolhidas, mas o agronegócio teve destaque. “A digitalização é uma jornada. As indústrias precisam entender que a digitalização não tem mais volta, seja usando o 4G ou 5G. O maior desafio é a coragem digital”, acrescentou.

O diretor de Marketing da Embratel, Alexandre Gomes, por sua vez, destacou que a própria empresa se desafiou e redesenhou a sua estratégia para se tornar um provedor de serviços digitais. “A Embratel não produz robôs, não produzimos drones, mas entendemos que a infraestrutura digital do 5G é crucial, mais especialmente, a orquestração das aplicações. Sabemos que a maturidade virá com a adoção pelas empresas”, pontuou.

A rede privativa 5G é muito mais que uma infraestrutura. Ela é uma plataforma de inovação, observou o vice-presidente de Negócios da Ericsson Brasil, Murilo Barbosa. Segundo ele, as redes privativas vão mudar a indústria e no Brasil ainda há muito a avançar. Um dos pontos críticos, somou, é a formação de mão de obra e o treinamento para a evolução dos colaboradores.

O CTO América Latina da Nokia, Wilson Cardoso, pediu uma união entre todos os fornecedores – concorrentes, mas interessados em fomentar a indústria 4.0 – para pensar em sustentabilidade e novos negócios. “O Brasil pode caminhar para a indústria verde e precisa avançar para que aconteça a reindustrialização do País. Infelizmente, estamos longe de trabalharmos juntos por um ecossistema mais forte.”

O diretor de Relações Institucionais da Huawei do Brasil, Carlos Lauria, concordou que é preciso uma união do ecossistema, mas observou que é necessário se ter um guarda-chuva do governo para evitar que cada ministério tenha a sua ação voltada à digitalização. “O guarda-chuva não é para controlar ou dar ordem, mas para organizar para que recursos financeiros e humanos não sejam usados de forma inapropriada. Precisamos ter os agentes todos apoiando o ecossistema”, completou Lauria, lembrando que as indústrias tradicionais precisam se adequar ao digital, mas também precisam se reinventar para entender as soluções e eleger as melhores para o seu negócio. O Painel Telebrasil Innovation 2023 é a 67ª edição do evento e acontece para mostrar as tendências e provocar novas ideias para ampliar o acesso à conectividade no Brasil.

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