5G exige muito espectro para entregar o que promete
A oferta de radiofrequências suficientes é ponto de convergência entre prestadoras, fornecedores e agência reguladora quando se fala das necessidades do País para a nova onda tecnológica.
A revolução prometida pelo 5G, mais do que apenas uma evolução do 4G, está diretamente ligada à quantidade suficiente de espectro nas diferentes camadas de radiofrequências já previstas para a nova onda tecnológica. Este foi um ponto de convergência entre prestadoras, fornecedores e do órgão regulador, a Anatel, que discutiram o assunto na sessão temática Espectro para 5G: um roadmap necessário, realizado no Painel Telebrasil 2019, nesta terça-feira, 21/05, em Brasília.
“Temos que nos preocupar com que a experiência do usuário no 5G seja adequada e represente algo diferente, que não seja mais do mesmo. Para isso vamos precisar de larguras de faixas superiores ao 4G, destacou o gerente de Espectro da agência reguladora, Agostinho Linhares.
O consultor de Tecnologia de Rede da Claro, Carlos Camardella, disse que há uma grande expectativa em cima do 5G e sem frequência será impossível cumprir o que está se anunciando como os ganhos da nova tecnologia. “O que o usuário deseja, de tanto ouvir possibilidades, é mais banda, maior franquia, ou mesmo nenhuma franquia. E está disposto a pagar um pouco mais por isso”, ressaltou.
Para endereçar essas preocupações, os planos da Anatel preveem leiloar, em março de 2020, 300 MHz na faixa de 3,5 GHz; 90 MHz em 2,3-2,4 GHz; e 3.200 MHz na faixa de 26 GHz. O desenho, até aqui, agrada as prestadoras de serviços de telecomunicações.
“A gente fica feliz quando a Anatel separa 300 MHz para a banda de 3,5 GHz. Estamos muito otimistas também pelas ondas milimétricas, especialmente porque em um país como o nosso, com muita deficiência de fibra óptica, as bandas mais altas vão potencializar o backhaul wireless”, lembrou o diretor de Relações Institucionais da TIM Brasil, Leandro Guerra.
Como afirmou o diretor da Qualcomm, Francisco Soares, “a quantidade mínima recomendada em 3,5 GHz é de 80 a 100 MHz por operadora para ter eficiência na conectividade. Na faixa milimétrica, de 800 MHz a 1 GHz é o ideal. Então, essas coisas tem que ser levadas em conta na preparação do edital.”
Para Roberto Falsarella, diretor de Novas Tecnologias e Desenvolvimento de Negócios da Nokia, o desenho indicado pela Anatel e defendido pela indústria também ajudará nos investimentos. “Especialmente nas faixas intermediárias, como 3,5 GHz, será possível usar o arranjo MIMO e, além da largura de banda maior, será possível uma cobertura similar com o reuso do grid macrocelular.”