Painel Telebrasil 2022: 5G será o abre-alas da transformação digital do Brasil

Teles, fornecedores e governo são unânimes: o 5G traz uma revolução e terá papel decisivo na construção de um novo país, mas há desafios a serem superados, e o quanto antes.

Brasília, 28/06/2022 – Mais do que velocidade (que, sim, será bem maior), o 5G traz uma revolução aos serviços de telecomunicações, à organização das redes e cadeias de valor e ao cenário econômico. Novos modelos serão criados a partir da massificação das redes, dando origem a novas oportunidades de negócios, com uma receita adicional que, espera-se, beneficiará diversos setores. O Painel Telebrasil Summit 2022 debateu nesta terça-feira, 28/06, o Brasil depois do 5G, apontando desafios, caminhos e perspectivas para a nova tecnologia.

A secretária de produtividade e competitividade do Ministério da Economia, Daniella Marques, destacou que há 16 estados prontos para ofertar a nova tecnologia e é preciso trabalhar para que todos os 27 estados se preparem. “O 5G e o Pix são sementes de empreendedorismo que vão gerar uma transformação social muito grande para a população que hoje tem renda muito baixa, permitindo que progrida pelo mercado, construindo”, ressaltou. 

Para Marques, o 5G estará onipresente, mas é necessário focar em educação e capacitação para promover abertura e aumento do mercado de consumo de massa. “O Brasil tem um desafio grande de fazer política pública. A agenda é contínua e permanente e tem múltiplas soluções. O legado está contratado”, apontou. Segundo ela, por ano, é esperado que a partir da implementação de 5G haja uma adição de R$ 900 milhões. “O 5G é como o carro abre-alas da transformação. O pulso da retomada vem da iniciativa privada”, resumiu.  

Falando sobre redução de imposto, a secretária de produtividade e competitividade do Ministério da Economia apontou que está na hora de transferir parte da riqueza do Estado para a população. “A direção é transformar o excesso de arrecadação em redução de impostos e, quanto mais forte for a atividade, mais forte a arrecadação indo para zero. Tudo que não queremos é ficar em ambiente de insegurança jurídica a partir disso. Então, temos trabalhado para reduzir tributos de combustíveis, principalmente, do diesel, porque o Brasil gira sobre rodas”, disse.  

Ela também ressaltou o fato de o último leilão de frequências não ter sido de caráter arrecadatório, ponto igualmente enaltecido por Moisés Moreira, conselheiro da Anatel. Moreira lembrou da prorrogação do prazo de implantação de redes 5G, que seria em 30 de junho, devido à falta de equipamentos e disse que Brasília provavelmente será a primeira a ter a tecnologia.

“A Anatel possui um corpo técnico de excelência e respeitadíssimo. A Anatel propôs leilão não-arrecadatório, o que foi acatado pelo governo, e isso está proporcionando ao nosso País um nível de conectividade muito grande. Existem países desenvolvidos que não têm o nível de conectividade que o Brasil vai alcançar. E o leilão está proporcionando isso ao Brasil e que todos os gaps sejam cobertos. Isso é fundamental”, disse. 

Moreira salientou que, para que haja desenvolvimento, é necessário que haja estabilidade econômica, política e respeito institucional. “A agência tem de continuar com a sua força e autonomia, porque o trabalho aparece e ele está aqui: é o leilão.”

O avanço do 5G

Os líderes das operadoras concentraram suas falas nas oportunidades que surgem a partir do início das operações das redes 5G e detalharam o lançamento da oferta.

A TIM, disse Alberto Griselli, presidente da Telebrasil e da TIM Brasil, está pronta para iniciar o 5G, começando por Brasília, Curitiba e seguindo pelas demais capitais. “A cobertura ganha peso à medida que entramos em 2023. A primeira condição para lançar serviços é ter uma cobertura, e ela vai ser construída nos próximos meses. Nossa ideia é começar a experimentar alguns serviços para o mundo consumidor e para empresas, para justamente educar o consumidor na potencialidade e nas características do serviço”, detalhou.

Griselli destacou que a TIM deve começar com o lançamento de Brasília apresentando alguma novidade para o segmento do consumidor, que pode aproveitar a maior velocidade de 5G com streaming ou cloud climbing, que, ressaltou, são aplicações que em 4G não são tão performáticas. A mesma abordagem será dada para o mercado corporativo. “5G traz eficiência no transporte de gigabit”, apontou.  

José Félix, presidente da Claro, explicou que o lançamento do 5G deve começar como foi com 4G e 3G, sendo uma melhoria em relação à geração anterior e as aplicações surgindo depois. Além da maior velocidade, o 5G aporta a capacidade de se fazer muitas conexões simultaneamente. “Isso dá margem a um novo mundo e é um dos grandes diferenciais, que levará ao surgimento de novas aplicações. O smartphone não é mais o protagonista, vamos ter novos dispositivos protagonistas” ressaltou.

Muitos dos novos protagonistas – como carros conectados e milhares de dispositivos de internet das coisas – ainda não foram lançados. “Acredito que, quando tudo começar a sair do forno, será um grande mundo de oportunidades, e isso passa muito pelo setor empresarial, pela indústria 4.0, pela agricultura… é aí que estarão as grandes oportunidades”, assinalou Félix. 

Por fim, o presidente da Claro salientou que o 5G é baseado em três pilares básicos: o primeiro é throughput (taxa de transmissão), que significa velocidade; o segundo é a quantidade de devices ligados simultaneamente; e o terceiro pilar é a menor latência. “No fundo, o que o 5G traz é a fibra para rua, dando mobilidade ao que temos com a fibra ótica. São tecnologias complementares”, disse.

Também falando sobre a convivência de 5G e fibra ótica, Luiz Tonisi, presidente da Qualcomm, ressaltou que um não substitui o outro, mas se complementam. “A fibra ótica é uma tecnologia future-proven”, defendeu. Para Tonisi, o 5G vai habilitar serviços em localidades aonde a fibra ótica não chega – seja por velocidade, custo etc.

“Há oportunidades muito grandes de negócios e verticais para explorar no Brasil, para trazer a competitividade e a produtividade de que precisamos”, disse. Ele defendeu que o Brasil precisa focar na industrialização, sendo capaz de criar produtos e serviços que possam fazer parte da cadeia internacional.  

Do lado da Ericsson, o presidente da companhia, Rodrigo Dienstmann, destacou que o retorno sobre os investimentos em 5G vem de novas receitas, por meio da criação de novos produtos e serviços que podem ser em áreas variadas como games, realidade aumentada, telemedicina. “Cada um deles segue a mesma lógica de ter a inovação descentralizada”, disse, acrescentando que o mercado empresarial carece de novas soluções. “O ROI vem da capacidade de inovar.” 

Guilherme Merces, chefe da divisão de economia e inovação da Confederação Nacional do Comércio, contextualizou o 5G como habilitador de uma nova era. “A história do mundo é feita de ciclos e estamos no meio de um ciclo novo, de que o 5G é habilitador”, destacou. “Temos o desafio de infraestrutura, que é difícil, porque demanda tempo, investimentos e arcabouço legal. O segundo desafio é que a tecnologia vem antes e a sociedade vai mudando aos poucos o seu comportamento. Tem também o desafio regulatório. É ideal ter planejamento estratégico no Brasil e pensar a regulação antecipadamente para ela não ser entrave quando as tecnologias estiverem no mercado”, finalizou.

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