Projeto de software para automatizar análise de notas de empenho do TCE-RJ leva primeiro lugar no Prêmio Inova 2025

Projetos foram premiados no Painel Telebrasil. Projeto com óculos para auxiliar deficientes visuais levou o prêmio destaque na votação entre os participantes do evento.

Brasília, 03/09/25 – Professores e alunos do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet) conquistaram nesta quarta-feira (3) o primeiro lugar no Prêmio Inova com a criação do Nemesis, um software inovador para automatizar a análise de notas de empenho do Tribunal de Contas do Estado (TCE), aumentando a capacidade de fiscalização da corte. A premiação foi entregue durante o Painel Telebrasil, o principal evento de telecomunicações no país, em Brasília. 

Atualmente, as notas de empenho são analisadas manualmente ou por amostragem pelos auditores do TCE, que têm de ler a descrição de cada uma. Com a solução desenvolvida pelos estudantes do Cefet, o software fará análise e busca semântica desses documentos, que registram a reserva de orçamento para a realização de uma despesa específica e contêm informações como fornecedor, descrição, valor e categoria do gasto. 

“Estamos em negociações para a implantação da ferramenta no TCE e a nossa expectativa é que haja um aumento de desempenho de 70% na análise das notas de empenho pelos auditores”, explica o professor Eduardo Bezerra, um dos coordenadores da turma premiada do Cefet.

Ao todo quatro projetos de institutos federais de educação do Brasil foram selecionados no Prêmio Inova. A premiação é promovida pela Confederação Nacional da Tecnologia da Informação e Comunicação (Contic) e pelo Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), com o apoio da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil).

Os projetos revelam a importância da conectividade e dos institutos federais de educação para o desenvolvimento da inovação e pesquisa.

O segundo lugar ficou com o projeto do campus de Juína do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT). O software criado pelos estudantes e professores é capaz de analisar a fertilidade do solo e fornecer orientações para o correto manejo da terra e aumento da produtividade. Chamado SolIF, o software analisa amostras de solo e gera relatórios automatizados com todas as informações necessárias para o desenvolvimento de culturas. De acordo com o Ministério da Educação, a ferramenta atende 696 famílias de assentamentos rurais por meio do programa Solo Vivo, do Ministério da Agricultura e Pecuária, promovendo o uso racional de insumos, a valorização da assistência técnica e a democratização do conhecimento científico. “O aplicativo mudou a realidade dos nossos pesquisadores e está transformando o cotidiano de pequenos produtores”, conta Luciano Lanssanova, professor e pesquisador do IFMT, idealizador e responsável pelo projeto.

O terceiro lugar ficou com o projeto de um professor e um grupo de alunos do campus Salto do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) desenvolvido com o objetivo de combater a evasão escolar. Eles desenvolveram uma ferramenta para monitorar a frequência dos estudantes utilizando biometria. Eles transformaram TVs boxes que seriam descartadas pela Receita Federal em um sistema pelo qual cada aluno registra sua entrada no sensor. Esse módulo é integrado ao Sistema Unificado da Administração Pública do Instituto, que centraliza todos os processos administrativos da faculdade. A inspiração do projeto foram duas auditorias do Tribunal de Contas da União na rede federal de ensino, que apontaram a falta de dados confiáveis sobre a presença de estudantes e uma evasão de 41% nos cursos técnicos e 51% nos cursos de graduação em 2022. “Uma carteira escolar vazia é um desperdício de dinheiro público e carrega um sonho que se interrompeu. É isso que a ferramenta combate”, resume o professor Luís Henrique Sacchi, coordenador do projeto.

Prêmio especial de acessibilidade

Duplamente premiado, o projeto de Pernambuco venceu na categoria Acessibilidade e também levou o prêmio Destaque da edição de 2025, sendo o mais votado entre os participantes do Painel Telebrasil. Um grupo de cinco professores e 25 alunos do campus Recife do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) criou um dispositivo acoplável a óculos para ser usado de maneira complementar à bengala, auxiliando pessoas com deficiência visual a se deslocarem de forma segura. O projeto deu origem à startup Synesthesia Vision e após dez anos de pesquisa, o dispositivo está pronto para ser comercializado. Utilizando sensores infravermelhos e ultrassônicos, ele é capaz de detectar obstáculos e emitir sinais sonoros e vibrações que orientam o caminho. “A bengala é mais utilizada pelos cegos por ser segura, barata e um sinalizador da cegueira. Porém, ela não consegue identificar obstáculos acima da linha da cintura. É isso que nosso dispositivo traz”, explica Aida Ferreira, professora do IFPE e coordenadora do projeto.

“O Prêmio Inova é uma demonstração concreta de como a inovação e a conectividade podem transformar realidades em todo o Brasil. Esses quatro projetos mostram o impacto direto que a pesquisa aplicada, desenvolvida nos institutos federais, pode ter na vida das pessoas — seja promovendo inclusão, aumentando a produtividade no campo, combatendo a evasão escolar ou modernizando a gestão pública”, comenta Marcos Ferrari, presidente-executivo da Telebrasil.

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