5G tornará a conexão entre veículos, condutores e passageiros mais segura, sustentável e divertida

Especialistas destacam a necessidade da evolução da infraestrutura de conectividade, nos centros urbanos e nas áreas rurais, para a plena utilização da tecnologia C-V2X.

O 5G pavimentará a evolução da comunicação entre veículos, condutores e passageiros, em um cenário em que a tecnologia poderá salvar vidas e reduzir danos ao meio ambiente. Com a futura geração das redes, tecnologias como o C-V2X poderão alcançar todo o seu potencial em termos de conectividade. Mas ainda há desafios, tanto nas questões regulatórias quanto na infraestrutura, como foi discutido no Workshop Sistemas de transportes inteligentes e conectados, realizado no Painel Telebrasil 2020, na terça-feira, dia 29/09.

Ao destacar que, no mundo, anualmente cerca de 1,3 milhão de pessoas morrem em acidentes de trânsito, a maioria causada por falha humana, Hélio Oyama, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Qualcomm, afirmou que o C-V2X é uma tecnologia que pode salvar vidas. Ele registrou que embora a Qualcomm seja mais conhecida pela unidade de tecnologia móvel, a unidade de negócios automotivos é a segunda maior da empresa.

Quanto ao C-V2X, Oyama explicou que a tecnologia, que promove a conexão de um veículo com outro veículo, com infraestrutura e com pessoas, é complementar à tecnologia ADAS (conjunto de sensores), aumentando a segurança. Ele anunciou a implementação comercial do sistema C-V2X na Virginia (EUA), com a Audi e a American Tower, ocorrida na mesma data do debate, 29/09.

“Entre as megatendências no setor automotivo, estão a inteligência embarcada, a conectividade, a autonomia e o aumento da segurança dos veículos. Entre 2013 e 2014, vimos dois fabricantes implementando solução de conectividade em 4G. Entre 2021 e 2023, teremos mais de 18 fabricantes desse setor implementando o 5G”, disse. “O C-V2X traz uma grande contribuição para a sociedade e tem uma clara evolução para o 5G”, completou.

Os benefícios da conectividade e seus impactos para melhorar a segurança no trânsito também foram destacados por Leimar Mafort, gerente de Engenharia da Bosch. De acordo com ele, a conectividade não deve ser mistificada e associada somente ao carro autônomo, pois pode ser aplicada em contextos mais simples, como no uso da tecnologia ACC (piloto automático adaptativo). No ACC padrão, sem conectividade, as manobras feitas pelo carro são mais bruscas e, no ACC com conexão, mais fluidas.

Interoperabilidade de tecnologias

Para o gerente de Engenharia da Bosch, entre os próximos debates fundamentais estão a conectividade nas regiões de fronteiras e a interoperabilidade das tecnologias. Mafort disse que a Anatel está em linha com outros mercados ao tomar decisões como o Ato nº 4.476, de 1º de setembro, em que alocou 70 MHz de banda para sistemas de transporte inteligentes (ITS) e também acertou quanto ao uso dos sistemas de equipamento de radiação restrita, ao ampliar para bandas de até 81 GHz.

As deficiências da conectividade no meio rural ganharam destaque na apresentação de Alfredo Miguel Neto, vice-presidente da Anfavea, que enfatizou que “faltam políticas públicas de conectividade para o agronegócio”.  Segundo Neto, ainda que os produtores rurais invistam em equipamentos de ponta, se não houver conectividade, eles serão iguais a controles remotos apenas com função de ligar e desligar.

“Existem poucas políticas públicas que trazem incentivo para empresas privadas para trabalhar a conectividade rural. No Brasil, na parte mais importante para a produção agrícola, o Centro-Oeste, não há conectividade. Estamos plantando em Roraima e no oeste da Bahia, onde há oportunidade de conectividade e não é aproveitada em toda a área rural. A conectividade está no local oposto à produção de alimentos no mundo”, observou.

Eduardo Polidoro, diretor de IoT da Claro, reforçou as ponderações de Neto, chamando atenção para o grande desafio  de levar a conectividade a todos os lugares. Polidoro comentou que, enquanto as máquinas agrícolas estão preparadas para receber a conectividade, por outro lado, onde há infraestrutura de conexão disponível, nas áreas urbanas, muitas montadoras não oferecem solução do carro conectado.

“Nossas soluções estão muito voltadas para a segurança, o cybersecurity, e o big data analycts. Outra questão que estamos trabalhando é o X, do C-V2X, que é o ecossistema. Algumas montadoras não têm essa visão de explorar o ecossistema ao redor do veículo de forma mais ampla”, disse. De acordo com ele, o veículo pode ir além, ser um ambiente de entretenimento, por exemplo. “As operadoras podem ajudar muito na integração com outros parceiros e na monetização nesse movimento de expansão do ecossistema”, sublinhou Polidoro.

De acordo com Wilson Cardoso, Chief Solution Officer da Nokia, o número de carros conectados passará de aproximadamente 100 milhões, em 2019, para 831 milhões, em 2027. Ele observou que esse incremento representará um mercado de US$ 212 bilhões. Os dados são do grupo 5GAA, que reúne integrantes da indústria automotiva e das telecomunicações para estudar soluções que combinem as necessidades e possibilidades de ambos os setores. Criado em setembro de 2016, o 5GAA reúne Audi, BMW, Daimler, Ericsson, Huawei, Intel, Nokia e Qualcomm.

“Talvez devêssemos ter um fórum semelhante ao 5GAA no Brasil para começar a verificar o que precisamos em temos de demanda, pois temos necessidades muto especificas em função do tamanho do País, distribuição da população e ambiente regulatório”, ressaltou.

Cardoso também destacou que, no futuro, será necessário muito mais espectro para o ITS. Segundo ele, os 70 MHz atendem alguns projetos. Mas no meio rural, disse, a situação muda: “em ambientes rurais, será necessário ter disponibilidade da rede com espectro suficiente para comunicações móveis entre os diversos elementos.”

Alejandro Adamowicz, Technology & Strategic Engagement Director LATAM da GSMA, apontou a importância da tecnologia C-V2X, sobretudo na aviação. Ele pontuou que, em 2025, serão cerca de 6,5 milhões de drones conectados a celulares para uso comercial, o que representa 25% do volume total de drones comerciais. “Mais de 25% desses 6,5 milhões de drones serão usados em logística e transporte. A receita gerada por esses drones conectados a celulares chegará a US$ 744 milhões em 2025”, revelou.

O diretor da GSMA detalhou um projeto da Telefónica na Espanha, desenvolvido em formato piloto com a autoridade de transportes local. O projeto utiliza drones conectados para monitorar rodovias onde há mais incidência de acidentes com ciclistas. Adamowicz explicou que o sistema integra drones com a rede móvel de 4G e uma aplicação de inteligência artificial, que mapeia riscos, como veículos parados e animais na pista. Esses dados se transformam em alertas que são enviados a veículos conectados e aplicativos de celular utilizados por ciclistas.

Acompanhe o Painel Telebrasil 2020. Acesse www.paineltelebrasil.org.br

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