Para Claro, digitalização impõe um cenário desafiador ao setor
Ao participar do Painel Telebrasil, o presidente da companhia, José Félix, disse que o próprio setor repensou o negócio para acelerar a transformação digital; citou as oportunidades do 5G e a necessidade de criar valor aos serviços ofertados aos clientes.
Ao participar da abertura do segundo dia do Painel Telebrasil 2020, nesta terça-feira, 15/09, o presidente da Claro Brasil, José Felix, pontuou que a pandemia de Covid-19 revelou as diversas oportunidades para mudanças efetivas dentro das corporações. Observou que a própria companhia colocou 24 mil colaboradores em home office em menos de 10 dias e que ações digitais foram implementadas em tempo recorde, como os serviços de atendimento ao cliente por meios digitais. “Foi tudo muito rápido, e o que foi feito não volta mais. O digital será cada vez mais uma realidade”, frisou.
Sobre o leilão do 5G, o presidente da Claro afirmou que a reserva de 100 MHz de frequência e o mínimo possível de banda para que as grandes operadoras possam ter uma rede de qualidade e serviços. Defendeu ainda que o leilão aconteça sem privilégios entre grandes e pequenos e que devem ser tomadas medidas para impedir que aventureiros possam participar tão somente para comprar e revender espectro. Ainda sobre o 5G, Félix afirmou que a questão da migração da TVRO (Television Receive Only) para a banda KU é um “lobby que só interessa às emissoras de TV” e que vai propiciar a transferência de bilhões em recursos públicos para essas empresas, sem necessidade.
“Precisamos nos afastar dessa conversa porque especialistas de competência fizeram diversos estudos e comprovaram que a questão da interferência pode ser mitigada com o uso de filtros”, disse. Na sua avaliação, os volumes de recursos que envolvem as duas soluções têm uma diferença significativa e devem ser considerados. Com a utilização de filtros, seriam gastos cerca de R$ 500 milhões, enquanto a migração para a banda KU poderia atingir até R$ 3,5 bilhões. “Sem contar que isso traria um atraso na implementação do 5G”, disse.
Félix comentou sobre o cenário econômico desafiador que todos terão pela frente. Entre suas prioridades, a Claro quer crescer na cadeia de valor, com a oferta de soluções a seus clientes, além da conectividade. E se prepara para lançar iniciativas que ajudem a revigorar o mercado de TV paga. “Teremos pacotes alternativos para oferecer a quem não tem acesso à TV oferecida pela Claro”, disse.
Em relação ao processo de compra da OI pelo consórcio Claro-Vivo-TIM, Félix defendeu o processo de aquisição, lembrando que as empresas têm capacidade financeira para essa transação, que não envolverá “nem um centavo de dinheiro público”.
Há pouco tempo, lembrou, a Anatel e o MCTI estavam preocupados com a possível descontinuidade dos serviços oferecidos pela operadora. “Estamos negociando um contrato que não tem interferência estatal, preserva a legislação e evita concentração tanto de clientes quanto de frequências nas mãos de uma única operadora”, observou. Para ele, há motivo de comemoração com esse acordo e não de “criar fantasmas”.
Reforçando sua postura, ele sublinhou que nos Estados Unidos três grandes operadoras disputam agressivamente o mercado. “Três é um bom número, quatro já é complicado, não é à toa que a Nextel teve de ser vendida quase falimentar”, ponderou.
Os debates sobre diversos temas terão sequência ao longo desta terça-feira 15, e nos dias 22 e 29 de setembro. As inscrições são gratuitas, e a programação completa do Painel pode ser acessada no site http://paineltelebrasil.org.br/.