A hora é de preparar profissionais em quantidade e qualidade

Apenas com Internet das Coisas e 5G, estima-se que o Brasil vai precisar de até 200 mil novos profissionais qualificados, observa o secretário-geral da Confederação Nacional da Tecnologia da Informação e Comunicação, Cesar Rômulo.

O Brasil está perdendo, mais uma vez, o “bonde da história”. Nos últimos anos, “o País perdeu várias posições em todos os rankings internacionais de desenvolvimento econômico e social, pela não utilização na escala exigida para atender às demandas da sociedade brasileira de soluções disruptivas suportadas pelas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs)”, adverte o secretário-geral da ConTIC, Cesar Rômulo (foto).

O executivo observa que o sistema educacional vigente é inadequado para preparar os profissionais – em quantidade e em qualidade – para as novas competências exigidas para a transformação digital do Brasil. Segundo Cesar Rômulo, a Inteligência Artificial chegou ao serviço de atendimento ao consumidor e, certamente, os robôs tendem a substituir o atendente humano no seu primeiro emprego.

O secretário da ConTIC lembra, porém, que haverá necessidade de se ter mão de obra especializada em transformar as interações humanas em procedimentos para os robôs. O executivo sustenta que faltam profissionais qualificados para programar essas transformações, além de mão de obra com competência para avaliar o desempenho desses atendimentos inteligentes e também identificar e especificar os aperfeiçoamentos necessários para a melhoria da qualidade do atendimento ao usuário.

“Novas soluções demandam profissionais com perfis a elas adequados, só que hoje esses especialistas estão sendo formados por uma estrutura habituada a formar – quando forma – profissionais para a economia material e não para a nova economia digital, que demanda uma nova forma de pensar, uma nova forma de ver o mundo, uma nova forma de capacitar recursos humanos. E, dadas as circunstâncias vividas pelo País, estamos parados no Século XX”, exemplifica Cesar Rômulo.

O secretário-geral da ConTIC afirma que a criação do sistema S para as TICs não virá apenas para suprir o déficit de mão de obra existente, mas, principalmente, para acelerar a capacitação do capital humano exigido pela Estratégia Brasileira para a Transformação Digital, promulgada, em março, pelo governo federal e que reúne 100 iniciativas para o desenvolvimento do Brasil Digital.

“A carência desses profissionais é grave, muito grave, para a recuperação do tempo perdido pelo Brasil na sua digitalização. Só com a acelerada capacitação de recursos humanos para as novas tecnologias disruptivas com as TICs, poderemos atender, com maior abrangência e produtividade, e, por consequência, mais competitividade, as demandas históricas da população brasileira que, em muitos países, já estão plenamente atendidas”, adverte o secretário-geral da ConTIC.

Aproveitamento da estrutura do ensino profissionalizante

Cesar Rômulo assegura que o projeto do Sistema S para as TICs prevê a atuação em sinergia e complementaridade com toda a estrutura de ensino profissionalizante, pública e privada, existente no País, inclusive aquelas do atual Sistema S. O modelo prevê ainda a assinatura de convênios para, sempre que necessário, complementá-las e capacitá-las visando ao desenvolvimento e capacitação de recursos humanos demandados para o Brasil Digital.

“Não haverá gastos com construção de prédios, laboratórios, salas de aula, computadores centrais etc. Vamos aproveitar toda a infraestrutura já existente no sistema de ensino profissionalizante do País. Vamos usar intensivamente o ensino a distância com os melhores professores existentes no mercado, complementados pelos professores já existentes na atual estrutura em todo o território nacional e a computação em nuvem para armazenar os conteúdos psicopedagógicos para o ensino a distância”, adianta.

Ainda de acordo com Cesar Rômulo, “determinados cursos terão por objeto o desenvolvimento, programação, testes e implementação de ‘Solução Completa com TICs’ para suportar o enfrentamento de ‘Questão Crítica’ que esteja a obstar o atendimento de demandas históricas da população brasileira, desde a sua identificação qualificada até o teste em campo da ‘Solução de Referência’”.

Os cursos serão ministrados pelos melhores professores do mercado conforme as fases e etapas do processo de produção de cada uma das ‘Soluções de Referência’, segundo as complexidades dos temas abordados: da “descrição qualificada da questão crítica a ser enfrentada” até a “utilização da solução de referência em campo”.

Uma equipe nuclear cuidará da avaliação, da integração e da produção da ‘Solução de Referência’ a partir das partes construídas pelas equipes de ensino –aprendizagem nos locais remotos como parte essencial do ensino a distância. No final dos cursos, se terá uma ‘Solução de Referência’ que será colocada à disposição do mercado para a sua plena implementação e utilização no enfrentamento da “Questão Crítica” para a qual foi produzida.

Dentre as “Questões Críticas” já identificadas que poderão ser utilizadas como referência para a capacitação de recursos humanos para o Brasil Digital, destacam-se:

a) Sistema Público de Registro de Pessoas Naturais (do nascimento ao óbito – milhões de brasileiros sem registro)

b) Sistema de Identificação Digital de Pessoas Naturais

c) Controle de Movimentação de Pessoas Naturais em Presídios

d) Sistema Público de Registro de Terras: Devolutas, Públicas e Privadas (conflitos fundiários com alto custo social)

e) Sistema Público de Registro de Imóveis no “Mercado Informal”: Capital Morto

f) Seguridade Social, incluindo Previdência e Assistência Social (apenas 1.209 postos de atendimento, incluindo os móveis)

g) Sistema Integrado de Informação para os Serviços de Atenção Básica de Saúde

h) Programa Nacional de Imunizações (da projeção de demanda aos efeitos da vacinação – Carteira de Vacinação)

i) Sistema Integrado de Informação para o Transplante de Órgãos e Tecidos

j) Logística de Material Médico-Hospitalar (incluindo medicamentos)

l) Sistema Integrado de Gestão da Responsabilidade Fiscal em Municípios de Pequeno Porte (menos de 100.000 habitantes)

m) Gestão de Municípios de Pequeno Porte (menos de 100.000 habitantes – Cadastros Multifinalitários).

Empresas e trabalhadores unidos

Outros cursos serão dados através da estrutura sindical dos trabalhadores, também aproveitando as estruturas de capacitação de recursos humanos por eles instaladas. Serão efetivadas parcerias entre o Sistema S para as TICs com as federações integrantes do seu Conselho Diretor, para a elaboração de propostas de projetos para utilização de recursos do FAT, que são pouco utilizados para a finalidade de capacitação de recursos humanos para o Brasil Digital.

A capacitação de recursos humanos em projeto, instalação, operação, manutenção e reparo de redes de telecomunicações e de informática será muito demandada com a adoção das novas tecnologias de IoT, do 5G, das aplicações das Cidades Inteligentes e de Logística de Transporte de Pessoas e Cargas, que contarão com centenas de milhões de terminais de acessos e respectivas redes de acesso espalhados por todo o território nacional. Somente para essa modalidade, estima-se a demanda de 150 a 200 mil profissionais capacitados por ano.

“A criação do Sistema S para as TICs vai entrar em discussão no Congresso Nacional logo após a apuração das eleições. O Brasil não pode esperar muito mais. Cada dia que passa, mais distantes ficamos das soluções estruturantes para o Brasil Digital inteligente, inclusivo, inovador e competitivo absolutamente essenciais para a recuperação do processo de melhoria da qualidade de vida dos brasileiros”, completa Cesar Rômulo.

ConTIC – Confederação Nacional da Tecnologia da Informação e Comunicação
FAT – Fundo de Amparo do Trabalhador
IoT – Internet das Coisas

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