Brasil digital é incompatível com amarras regulatórias em telecom

Para o presidente da Claro Brasil, José Félix, regras atuais não refletem a nova realidade. “Só saltaremos de um país conectado para um país digital se houver inovação e ruptura. Mas sem permissão para testar e errar, estamos trancando a inovação”, afirma, ao participar do Painel Telebrasil 2019.

Com ciclos tecnológicos cada vez mais curtos e ainda o desafio de conectar boa parte do País, o setor de telecomunicações enfrenta o dilema de ser um dos motores da transformação e ao mesmo tempo continuar sujeito a um ambiente regulatório defasado. Como destacou o presidente da Claro, José Félix, ao participar do Painel Telebrasil 2019 nesta terça-feira, 21/05, a regulação precisa dar espaço à inovação.

“O futuro será completamente diferente e não tenho dúvidas de que vamos criar esse Brasil digital de que tanto falam, onde inovação e permissão para testar e errar rapidamente serão fundamentais para atender às novas necessidades da sociedade e acelerar novos modelos. Então, regulador, esse é um ponto importante para essa nova sociedade, para a nação digital: se não tivermos permissão para errar, estaremos trancando o processo da inovação.”

O executivo tratou diretamente dos problemas do modelo ainda vigente. “A digitalização vem para criar um Brasil mais inclusivo e produtivo. Mas está claro que as regras atuais são duras, pouco flexíveis, focadas em controlar e burocratizar processos. Elas não refletem o novo cenário e não deixam espaço para inovação no Brasil digital. É preciso se adequar a uma nova realidade, bem diferente da que vivemos até aqui”, insistiu.

Para Félix, “só deixaremos de ser um Brasil conectado para nos tornarmos um Brasil digital se incentivarmos novas ondas de inovação e ruptura. Temos a possibilidade de criar benefícios para a sociedade com 5G, inteligência artificial, machine learning e outras tecnologias que ainda virão. Criaremos uma indústria completamente diferente da que temos hoje, desenvolvendo novos negócios e estimulando o surgimento de novos atores.”

Para isso, no entanto, são necessários incentivos ao setor. “Precisamos saber quais estímulos teremos para continuarmos investindo em redes cada vez mais robustas e de alta performance que atendam novas possibilidades. Com o retorno de capital que se tem hoje, fica complicado e nada estimulante. O Brasil tem um problema de renda tremenda. O que faremos com aqueles que não têm condições financeiras de arcar com dispositivos como smartphone? Não adianta ter rede se as pessoas não podem comprar o dispositivo que dá  acesso à rede.”

Além disso, o executivo destaca que as transformações requerem medidas para qualificar os trabalhadores exigidos para essa nova realidade. “Hoje temos enorme dificuldade de encontrar profissionais de novas áreas de conhecimento, antes pouco requisitadas, mas agora com aumento explosivo de procura. Temos que tratar dessa questão também. Empregos seculares vão ser postos em xeque.”

Em entrevista à Agência Telebrasil, o presidente da Claro Brasil, José Félix, falou sobre o desafio da digitalização e a necessidade de tirar as amarras para novos investimentos no Brasil.

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