Doutor Desafio: perfil de um empreendedor brasileiro

Um almoço de gala marcou o lançamento do livro sobre um “empreendedor interiorano”. Emerge das 200 páginas do “Doutor Desafio”, escritas por Sérgio Vilas-Boas, a figura forte do mineiro de Uberlândia, Luiz Alberto Garcia, personalidade de múltiplos talentos. Confraternizaram durante a ágape cerca de 200 pessoas. Tiveram direito ao Hino Nacional; à nobre arquitetura do Museu da Casa Brasileira, na capital paulista; e a um talk-show de “causos” em torno do homenageado. Confira aqui.

Mesas redondas congregaram os diversos grupos ligados a Luiz Alberto Garcia, de 76 anos. Este, com um inconfundível falar das Minas Gerais e com seu tradicional senso de humor, abriu o evento confessando que “ser personagem de livro não é fácil, não”. Mas prometeu o lançamento de um segundo volume da obra “para daqui a dez ou 15 anos”, para o qual todos os presentes já estavam convidados.

Numa mesa, ficaram os familiares do homenageado, tendo em destaque a esposa, Dona Ophélia, e os filhos, Luiz Alexandre e Ana Marta. Espalhados pelo recinto, outras mesas, com vistas sobre o gramado do Museu – tornado ainda mais verde por um dia glorioso de Sol –, congregavam grupos de amigos e convidados, testemunhos das múltiplas atividades e da longa carreira pessoal e empresarial do anfitrião.

O conglomerado Algar – de Alexandrino Garcia, pai de Luiz Alberto Garcia – hoje beira 20 mil pessoas e atua em telecomunicações, tecnologia da informação, agronegócios, serviços e turismo. O empresário Luiz Alberto Garcia preside o Conselho de Administração e supervisiona a estratégia do grupo. Seu filho, graduado em Ciências Econômicas, de 46 anos, com várias especializações no Brasil e no exterior, é o CEO (chief executive officer), desde 2006, continuando o desafio e as oportunidades de uma empresa familiar.

Um perfeito host

Além da família de Luiz Alberto Garcia, estiveram presentes, dentre outros, ao lançamento do livro “Doutor Desafio” dirigentes e colaboradores do Grupo Algar, representantes de empresas que mantêm contatos com o grupo, de sindicatos patronais e de associações pelas quais passou Luiz Garcia, amigos e jornalistas. Os colegas de turma de engenharia (1959) de Luiz Alberto Garcia, da Escola Federal de Itajubá (MG), formaram uma animada mesa, com lembranças vivazes dos tempos de estudante.

Luiz Alberto Garcia foi o perfeito host. Recebeu cada convidado com um afago especial. No decorrer da festa percorreu as mesas para falar um pouco com cada um. Participou da distribuição dos exemplares do “Doutor Desafio”, cuja capa tinha sua imagem feita a traço pelo artista José Ferreira Neto. Um marcador entregue junto ao livro, a guisa de dedicatória, dizia: “eis aqui uma parte de minha história contada na visão de benevolentes amigos. Espero que ela possa inspirá-lo a também contar os causos de sua vida”.

Depois do prosseco brasileiro de boas-vindas, foi montado um talk-show num palco com poltronas, tendo Luiz Garcia ao centro e ladeado pelos consultores de empresas Oscar Motomura (Amana-Key) e Luiz Carlos Teixeira Moreira (presidente do Instituto de Marketing Industrial), parceiros de longa data na estruturação da cultura do Grupo Algar.

Coordenou o talking Celso Machado, diretor de Cultura Corporativa da Algar e um dos mentores do livro, tendo a coadjuvá-lo o jornalista Sérgio Villas-Boas, especializado em biografismo e perfis, além de autor de “Doutor Desafio”, um título da preferência do homenageado.

Um pouco da vida de Luiz Garcia desfilou durante o bate-papo. Foram citadas pessoas como o italiano Mário Grossi, que atuou no grupo, ou o mineiro Cicero Domingos Penha, ainda hoje executivo no Grupo Algar. Não faltaram causos. Eles foram vistos pela lente da retrospectiva que sempre atua como uma catarse amaciando situações que devem ter sido difíceis ou inusitadas e que foram superadas.

O Doutor Desafio

O livro marca os 50 anos do homenageado à frente do Grupo Algar. Não é uma biografia, mas conta muita coisa sobre a gênese e sobre o desenvolvimento do grupo. Além de material de arquivo e de entrevista com a personagem central e de sua família, tem o depoimento direto de muitos que conviveram com Luiz Alberto Garcia, como Mailson da Nóbrega, Alair Martins, Cleófas Uchoa, José Mauro Leal Costa, Luiz Schymura e dos próprios autores do livro e desta matéria.

“Doutor Desafio” é também um depoimento sobre a luta do empresário brasileiro interiorano. O talk-show destacou sobre o homenageado o que ele sabe melhor fazer. “Fazer os outros fazerem” despertou o riso franco da plateia. Ainda foi caracterizado que o empresário e o homem Luiz Alberto Garcia sabem distinguir o prioritário; conviver com o risco e inovar; ser ético e ganhar dinheiro; reinventar-se e manter-se autêntico. E, em relação ao dilema de toda empresa familiar, “ter senso de gestão, trabalhando com o senso da propriedade”.

Respondendo a uma pergunta, Luiz Alberto Garcia lembrou sua mãe, Maria da Silva Garcia, falecida em agosto último, a três meses de completar 100 anos, a quem ele creditou sua naturalidade e franqueza no trato. O “caipira moderno” foi quase o nome do livro, mas foi vetado por Dona Ophélia, optando-se por “Doutor Desafio”, sugerido por Celso Machado.

O jornalista Ethevaldo Siqueira contribuiu para o livro com dois dias de gravações, entrevistando Luiz Alberto Garcia, em Uberlândia (MG), na casa familiar da mãe do homenageado. Lembrou o périplo que fez, ainda jovem profissional, num pequeno avião pilotado pelo empresário, em visita a instalações telefônicas da CTBC – Companhia Telefônica do Brasil Central –, numa dúzia de cidades do Triângulo Mineiro. Destacou, em meio a aplausos, que ser sério e ganhar dinheiro são um exemplo num país que carece da primeira premissa.

Instigado pelo empresário, Cesar Rômulo Silveira Neto perguntou a ele qual o motivo da criação do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SINDITELEBRASIL). Disse Luiz Alberto Garcia: “eu estava cansado de passar o chapéu, tendo que pedir recursos para a TELEBRASIL – Associação Brasileira de Telecomunicações. Resolvi, então, criar um sindicato patronal, a exemplo do que havia visto no Sindimaq/Abimaq. O imposto sindical compulsório traria recursos, e eu não precisaria mais ouvir coisas desagradáveis, ao solicitar auxílio para a entidade”.

Como música de fundo da festa e marcando sutilmente o clima do encontro, o participante atento podia detectar um som de violas acompanhando o refrão, bem mineiro e plangente e que todo o Brasil conhece: “sou caipira Pirapora nossa/ Senhora de Aparecida/ Ilumina a mina escura/ e funda o trem da minha vida”. Nada mais apropriado.

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