Painel Telebrasil Summit: Na abertura do evento, setor de telecom defende remuneração pelo tráfego das big techs

CEO da Vivo, Christian Gebara, assumiu o comando da Telebrasil, sucedendo o CEO da Claro, José Félix. Os dois executivos defenderam que é preciso novas regras para que redes de telecom sejam sustentáveis.

Brasília, 12/09/23 – Ao assumir a presidência da Telebrasil, o CEO da Vivo, Christian Gebara, foi taxativo: O Brasil está longe de desfrutar dos benefícios da economia digital e ainda há muito por fazer para levar a digitalização a todos; o momento é de preocupação com a Reforma Tributária.

“O setor de telecomunicações é um dos mais onerados, e o país precisa usar a Reforma Tributária para reduzir impostos para avançar na digitalização”, observou o executivo, ao participar nesta terça-feira (12), da abertura do Painel Telebrasil Summit 2023, que acontece em Brasília.

Gebara também citou outro tema caro ao setor, que é o uso das redes de telecomunicações pelas provedoras de conteúdo digital, as chamadas big techs, principalmente, na transmissão de vídeos. O presidente da Telebrasil lembrou que os serviços de vídeo em 2022 representaram 66% do consumo das infraestruturas e devem chegar a 80% até 2028, sendo que apenas sete empresas globais concentram 52% do tráfego global da internet nas redes fixas e 62% nas redes móveis.

“Esses atores não pagam pelo uso das redes, que exigem investimentos adicionais das empresas de telecomunicações. É improvável que as operadoras tenham recursos para fazer investimentos se as OTTs não pagarem pelo serviço de conectividade que usam delas. Respeitamos os atores da nova economia, mas é impossível enfrentar os novos tempos com as velhas regras”, detalhou o CEO da Vivo.

Gebara também observou que o setor de telecom é o grande motor da transformação digital do Brasil e pediu governança de todo o governo para políticas públicas digitais.

Ao passar o comando da Telebrasil para Christian Gebara, da Vivo, o CEO da Claro, José Félix, também falou sobre a sustentabilidade da infraestrutura de telecomunicações. Ele ressaltou que as big techs precisam remunerar o serviço prestado e apontou que há uma evidente distorção no mercado. “O Brasil não pode ficar fora desse movimento de sustentabilidade das teles, que é global. Promover um debate que enderece a sustentabilidade das redes, precisa estar na pauta do dia do país”, concluiu.

Félix lembrou que durante o seu mandato à frente da associação, iniciado em 2022, começou a implantação do 5G, que hoje já está em 183 cidades e com o setor antecipando todas as obrigações do edital feito para a nova geração.

Ainda que tenha sido vitoriosa a publicação da Lei do Silêncio Positivo para a instalação de antenas, ele fez um apelo aos municípios. “Conclamo os prefeitos a priorizar a atualização da Lei das Antenas. Todo o poder da conectividade 5G ainda é difícil de ser estimado, mas já é possível ver os benefícios gerados nos lugares onde a transformação digital foi prioridade”, pontuou.

Félix também ressaltou o avanço na Reforma Tributária, mas lamentou o fato de, nas propostas atuais da Reforma, o serviço de telecom não estar na lista de serviços essenciais. “Somos a infraestrutura básica da economia digital. É urgente simplificar a carga tributária do setor. Com menos impostos, teremos mais acesso da sociedade e do cidadão brasileiro”, afirmou.

Foto: Ricardo Ribeiro – Estúdio Versailles/Telebrasil

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