Satélites na expectativa sobre a decisão da Anatel na banda C

Brasil tem 16 satélites nacionais e 40 estrangeiros em operação, e há três a serem lançados, dos quais dois brasileiros.

O mercado de satélites terá um importante papel na difusão do 5G, principalmente como backhaul para as operadoras móveis e conectividade em regiões remotas. Mas até lá, é um setor que está no centro de outro debate: uma decisão técnica que precisa ser tomada pela Anatel, sobre como mitigar as interferências na banda C estendida decorrente do uso da quinta geração na faixa de 3,5 GHz.

O tema foi discutido no workshop O Futuro do Mercado de Satélites, durante o Painel Telebrasil 2020. Moisés Moreira, conselheiro da Anatel, lembrou que o Brasil tem operando no país 16 satélites nacionais e 40 estrangeiros e há três a serem lançados, dos quais dois brasileiros. O crescimento da capacidade orbital de 2017 a 2021 será de mais de 86%, o que, na sua avaliação, comprova a consolidação desse setor.

Ele destacou a locação crescente das faixas adicionais para prestação de serviços satelitais. Além das tradicionais bandas C e Ku, o conselheiro ressaltou que há uma utilização cada vez maior da banda Ka e mais recentemente foram destinadas as bandas Q e V. “A Anatel, no momento, está estudando quais serão as condições futuras para o uso dessas duas faixas”, disse.

Frederico Sato, diretor da Roland Berger Consultoria, contratada pelo Sindisat para fazer um estudo sobre a migração da banda C – da banda C estendida para a banda C, falou sobre os impactos diretos ligados à liberação da banda C-estendida, o 3,6 GHz. “Hoje tem uma série de serviços que impactam nessa faixa e também na banda C padrão. São eles serviços de broadcasting, o TVRO, que é a TV via satélite, o backhaul de telefonia móvel e também serviços de dados que não atendem apenas empresas, mas também governo e órgãos governamentais”, observou.

Na sua avaliação, quando se trata da migração da, há duas grandes preocupações; a primeira é a própria limpeza da faixa e a segunda é a harmonização dos serviços migrados. Ele pontuou que a preservação da qualidade dos serviços prestados não envolve apenas a liberação da frequência, mas também a convivência entre o 5G e as aplicações da banda C.

Sato estima que haveria impacto sobre 15 satélites, entre brasileiros e estrangeiros, que estão em operação no País. Esse movimento, para ele, envolveria o ressarcimento das operações satelitais atingidas. Ele não revelou qual seria esse valor, apesar de já ter sido calculado pela consultoria.

Sobre o convívio da banda C com o 5G, Javier Veglison Hernando, diretor de espectro da Hispasat, afirmou que esse cenário não é possível na mesma faixa de frequência e considerou que o convívio em faixa adjacente é um desafio para a Anatel.

Hernando ressaltou que há duas questões a serem consideradas, como a saturação do LNB (conversor de baixo ruído), profissional, e as interferências fora da faixa. Ele se alinha com a proposta do Sindisat de adoção de uma banda de guarda de pelo menos 40 MHz entre a operação do serviço móvel e a operação do segmento satelital profissional. “Quanto maior a banda de guarda, menores serão as perdas de inserção e os efeitos negativos que os filtros que podem ser utilizados produzirão”, finalizou.

Para garantir a proteção das estações de satélite, também são recomendadas medidas como limitar a potência das estações radiobase 5G na parte alta das faixas, instalação de um filtro RF em todas as estações satelitais e o estabelecimento de um limite de potência emitida fora da faixa aos terminais 5G.

O Painel Telebrasil 2020 terá também programação no dia 29 de setembro. Assista no site www.paineltelebrasil.org.br.

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