Novo governo precisa priorizar a conectividade para alavancar projetos essenciais

Em artigo publicado no site da CNN, Marcos Ferrari fala sobre as demandas do setor de telecomunicações para um Brasil mais digital

Brasília, 18/10/22 – A chegada do 5G ao Brasil novamente jogou luz ao setor de telecomunicações. O segmento, que em um passado não distante, era sinônimo de chamadas por voz, transformou-se. E em seu próprio processo de reinvenção, sem qualquer exagero, colaborou decisivamente para transformar todo o mundo. As ligações telefônicas deram, paulatinamente, lugar à transmissão de dados. O advento da internet, a proliferação dos smartphones e seus aplicativos, e a dependência da conectividade em qualquer atividade econômica moderna definem bem o tamanho da relevância do setor nos dias de hoje.

Caminho sem volta, a tecnologia de quinta geração que bate à porta promete novamente uma revolução sem precedentes, que tem o potencial de alavancar e moldar a forma como empresas produzem e como as pessoas vivem. Conexão não é – ou não deveria ser – considerada um ativo opcional. O cenário já era evidente, e a pandemia terminou por escancarar a necessidade de contar com dispositivos conectados.

As principais perguntas a serem feitas neste momento: o Brasil está bem-preparado para dar continuidade a essa evolução? Os próximos governantes irão colocar a conectividade no centro de suas políticas públicas? Importante enfatizar que a tecnologia se tornou fundamental para impulsionar setores básicos que compõem qualquer projeto de governo, como saúde, educação e segurança. Os benefícios para a atividade econômica são igualmente de enorme grandeza. O Ministério da Economia projeta ganhos de R$ 590 bilhões somente com as novas soluções e ganhos de eficiência oriundos do 5G.

Nesse sentido, é necessário haver um ambiente regulatório que incentive os investimentos. Se o próprio poder público, por questões de ajuste fiscal, não tem capacidade de promover o desenvolvimento dos mercados, é preciso que haja condições para que a iniciativa privada tome frente neste processo. É importante enxugar e simplificar as regras que impedem o fomento econômico, sem perder de vista o equilíbrio de tratamento entre os diversos players, que competem no mesmo segmento e com atividades equivalentes.

Há países que saíram na frente e já entenderam que a conectividade se tornou um insumo básico para competição no mercado internacional, cada vez mais globalizado. Com isso, prosperam na geração de empregos e no aumento de renda e PIB. O Brasil carece de projetos específicos que garantam sua infraestrutura tecnológica. A disseminação de serviços inteligentes por meio de práticas de um governo digitalizado está na ordem do dia. A criação de uma Secretaria Especial dedicada especificamente para a transformação digital seria um bom caminho para dar os primeiros passos.   

Outro bom exemplo de mercados mais desenvolvidos que deve servir de inspiração refere-se à tributação, que precisa ser compatível com um projeto de disseminação dos serviços de telecom. No Brasil, o setor possui uma das maiores cargas tributárias do mundo, medida totalmente incoerente com uma política que pretende diminuir desigualdades. Cada vez mais, a inclusão digital passa a ser tema de primeira importância para qualquer meta de paridade econômica e social.

O acesso à tecnologia e à conectividade há muito tempo deixou de ser uma conversa para um tempo futuro. O Brasil precisa de um projeto de governo que tenha a digitalização como uma verdadeira prioridade. O 5G é prova de que o mundo hoje roda em altíssima velocidade e que as revoluções que ditam o ritmo dos mercados vencedores se sucedem em intervalos cada vez mais curtos. Os prejuízos de ficar para trás são incalculáveis.

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