Anatel: fake news que associam riscos à telefonia móvel não têm respaldo técnico
“Usamos WiFi em casa em frequências de 2,4 GHz e 5 GHz, e esta é ainda mais alta do que teremos no 5G, em 3,5 GHz. Então [o risco] é algo que não faz sentido tecnicamente falando”, afirma o gerente de Espectro, Órbita e Radiodifusão, Agostinho Linhares.
Das causas infundadas para o extermínio de 500 pássaros na Holanda ao projeto de lei que sugere a proibição do 5G no Brasil, a nova onda começou a sofrer de um mal recorrente: os mitos que circundam avanços tecnológicos voltaram à tona. Como esclarece o gerente de Espectro, Órbita e Radiodifusão da Anatel, Agostinho Linhares, doutor em Engenharia Elétrica, são temores repaginados que não fazem sentido do ponto de vista técnico.
“É algo requentado em função de estudos lá do final dos anos 1990, início dos anos 2000, quando o celular foi amplamente difundido, que mostrava que o tecido humano, qualquer material, acaba aumentando sua condutividade com a frequência – maior a frequência, maior a conectividade”, diz. “Mas os estudos esqueceram um detalhe importante, do efeito pelicular que, quanto maior a frequência, menos a onda penetra (na pele). Quanto maior a frequência, menos aquela onda que incide penetra. Essa preocupação envolve muita desinformação.”
À Newsletter da Telebrasil, Linhares lembra que as ondas eletromagnéticas estão por toda a parte e são intensamente utilizadas diariamente, dentro de casa. “Associar a tecnologia a um efeito na saúde seria muito estranho. O 3,5 GHz é utilizado no Brasil. Mas como agora é 5G, é como se o corpo da pessoa respondesse de maneira diferente a uma ou outra tecnologia. Isso não faz sentido”, ressalta.
“O que o corpo recebe é um sinal eletromagnético com uma determinada intensidade. Então, não interessa se é 5G ou se é WiFi. E não podemos esquecer que nas nossas residências usamos 2,4 GHz e 5 GHz, e esta é uma frequência ainda mais alta do que teremos no 5G, em 3,5 GHz. Então, é algo que não faz sentido tecnicamente falando.”
Como afirma ainda o gerente da Anatel, o uso de radiação eletromagnética não é regulado apenas como alvo de normas específicas relacionadas à saúde. “A ICNIRP engloba profissionais independentes que definem recomendações. E, nesse caso, tem uma diretriz da ICNIRP referendada pela Organização Mundial de Saúde com os níveis que garantem a proteção das pessoas.”” Assistam à entrevista com o gerente de Espectro, Órbita e Radiodifusão da Anatel, Agostinho Linhares.
Anatel – Agência Nacional de Telecomunicações
ICNIRP – International Commission for Non-Ionizing Radiation Protection, ou Comissão Internacional para Proteção contra Radiações Não Ionizantes