Formação de mão de obra atual não atende demanda do setor de TICs

Em debate na Câmara dos Deputados, a Confederação Nacional da Tecnologia da Informação e Comunicação (Contic), entidade que reúne 75 mil empresas, aponta porque o mercado precisa investir em qualificação profissional específica para a transformação digital.

A transformação digital exige respostas mais rápidas dos sistemas de formação e qualificação profissional, o que justifica aportes específicos em áreas de alta demanda e pouca oferta, como internet, mobile, computação em nuvem, internet das coisas, Big Data, etc. É o que defendeu a   Confederação Nacional da Tecnologia da Informação e Comunicação (Contic), entidade que reúne mais de 75 mil empresas de TICs, como eixo estruturante do projeto de lei 10.762/18, que cria o sistema de aprendizagem das tecnologias da informação e comunicação, em audiência pública realizada nesta quinta-feira, 27/06, na Câmara Federal.

O presidente da Contic, Edgar Serrano, afirmou que o modelo atual – no sistema S tradicional não atende ao mercado de tecnologia da informação e comunicações.  “Instalar rede é importante, mas precisamos tratar de internet, social, mobile, cloud, Big Data. Precisamos treinamento para esse tipo de tecnologia, para atender demandas modernas e não é qualquer curso básico para fazer essa formação. No nosso, falta gente para trabalhar”, observou.

A proposta de TICs é criar um sistema de aprendizagem, financiado pelos recursos já existentes: a parcela que as empresas do setor já recolhem para o Sistema S, equivalente a 2,5% das folhas de pagamento. Segundo a Contic, valores anuais próximos a R$ 1 bilhão, ou cerca de 5% das receitas anuais do Sistema S atual. “Não queremos um centavo dos outros, apenas o que é gerado pela riqueza das nossas empresas. À indústria o que é da indústria, às TICs o que é das TICs”, enfatizou Serrano. 

A Confederação Nacional da Tecnologia da Informação e Comunicação (Contic), reúne 75 mil empresas, incluindo as operadoras de telecom, e dois milhões de trabalhadores. A confederação é formada pela Federação Brasileira de Telecomunicações (Febratel), Federação Nacional das Empresas de Informática (Fenainfo) e pela Federação Nacional de Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra).

Na audiência pública, o setor de TICs mostrou que os cursos atuais não respondem ao potencial econômico para o país e não estão preparados para as novas tecnologias como o big data, a inteligência artificial, entre outras.  Por sua vez, Sesi, Senai, Sesc e Senac, responsáveis pelo sistema S tradicional, apresentaram, a formação em software de gigantes do setor como Microsoft, Cisco, Adobe, Oracle, IBM, Red Hat, entre outras.

Mas como indicou o presidente da Febratel, Eduardo Levy, a lógica exige capacidades em criar o próprio software. “É importante que isso continua. Mas o que estamos falando é, que software é esse? Alguém desenvolveu. Mas que tecnologia foi essa? É disso que estamos falando. De algo que se antecipa a isso.”

O vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio, Luiz Bittencourt da Silva, sugeriu adequar o portfólio de tecnologia existente no sistema S às novas demandas e ao modelo já existente, e que funciona há 70 anos. O diretor de educação e tecnologia da CNI, também diretor geral Senai e do Sesi, Rafael Lucchesi, observou que o sistema S tradicional possui 346,3 mil matrículas anuais em educação profissional na área de TIC, com formação em software e hardware, desenvolvida a partir das demandas das empresas.

Representando o governo, o diretor do departamento de ciência, tecnologia e inovação do MCTIC, José Gontijo, observou que a transformação digital exige uma demanda de formação de pessoal para TICs e o Brasil precisa criar esses especialistas.  Para o especialista do MCTIC, o diálogo e o consenso são o melhor caminho para endereçar a questão de forma a atender as necessidades do País e do setor privado.

O relator do projeto de lei 10.762/18, Alex Santana (PDT-BA), ressaltou que a discussão é muito séria porque envolve “grandes empresas, grandes indústrias com interesse em capacitar seus funcionários e atender a demanda que é muito grande”. Ainda de acordo com o parlamentar, o intuito é encontrar a melhor saída para todos e proporcionar oportunidades para a geração de empregos aos brasileiros.

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