Painel Telebrasil Summit: Brasil Digital exige governança e coordenação da sociedade

Combater a desigualdade e dar mais competitividade às empresas passa por uma orquestração entre governo, empresas privadas e cidadãos.

Brasília, 12/09/2023 – A conectividade é essencial e está na base do desenvolvimento nacional. Mas ela sozinha não basta. Letramento digital é um pilar importante e, antes disso, é preciso fazer com que a internet seja uma realidade nas escolas. O painel “Conectar com propósito: da inclusão à sustentabilidade”, realizado no Painel Telebrasil Summit 2023, que ocorre nesta terça e quarta-feira (12 e 13), em Brasília, debateu como governo, sociedade e empresas privadas podem caminhar juntas nesse processo e com visão de longo prazo. 

“Precisamos da conectividade, porque estamos na era digital; é uma questão essencial para o combate às desigualdades e competitividade das empresas. Precisamos ter infraestrutura e uma visão empreendedora do país para gerar riqueza”, disse o deputado federal Vítor Lippi (PSDB/SP). 

Para o país ser digital, levar conectividade às escolas é fundamental, e a obrigatoriedade foi incluída no leilão do 5G. Segundo dados oficiais, o Brasil tem 138 mil escolas e cerca de 10 mil não têm qualquer tipo de conectividade, afirmou Vicente Aquino, conselheiro da Anatel. “Fizemos um projeto piloto com cerca de 170 escolas, que está praticamente terminado. Levamos a 95% em fibra ótica e um percentual menor em satélite e rádio. Hoje, o piloto foi concluído e temos entre 150 Mbps e 200 Mbps de velocidades contra 2 Mbps de antes”, compartilhou.  

Maximiliano Martinhão, secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, defendeu que sejam realizadas ações para promoção da conexão significativa. “É um conceito que não se limita à definição técnica; conexão significativa é a capacidade de fluir no mundo digital o que fluímos no mundo presencial, como aula e consulta médica”, explicou.

Para o secretário do Ministério das Comunicações, deve-se assegurar acesso a todos, a capacidade de o usuário ter serviço com qualidade, uma rede que sustente o serviço e modelos de negócios. Martinhão também ressaltou o uso do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) pela primeira vez desde que foi criado e a inclusão de levar acesso à internet às escolas como parte do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Renato Gasparetto, vice-presidente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Vivo, lembrou da demanda que existe para a formação de cerca de 700 mil profissionais de TI. “Temos curso de ciência de dados voltado a jovens da escola pública. Estamos com pilotos em três estados e vemos um retorno impressionante, com muito interesse dos jovens em aprender”, disse. “Da sigla ESG, o “E” de ambiental é fundamental; o “S” de social é um desafio que temos, mas sem governança não temos visão de longo prazo”, destacou.  

A mediadora Nathalia Foditsch, diretora da Connect Humanity, destacou que todos os esforços demandam muita coordenação entre as diferentes partes do Governo Federal, Poder Legislativo e setor privado. “Ainda acho que precisamos costurar um grande plano, temos legislação de letramento digital, mas isso precisa talvez ter pacto com a participação de todos os ministérios correlatos, empresas, CNI, Sebrae”, apontou o deputado federal Vítor Lippi. 

Ele destacou que existem 300 mil indústrias no Brasil e todas precisarão ser digitais, com equipamentos adaptados ou substituídos por equipamentos inteligentes. “É preciso acelerar isso e acredito que ainda falte juntar isso em um grande plano nacional para chegar mais rápido no mundo digital. Falta um plano nacional bem amarrado para avançar mais rapidamente”, acrescentou Lippi.

“Os principais países que cresceram e se desenvolveram com visão de longo prazo tiveram na base uma governança que olhava para todos os fatores, além de sinergia”, acrescentou Renato Gasparetto, da Vivo. 

Há vontade do governo de horizontalizar, assegurou Vicente Aquino, da Anatel, explicando que isso é algo que a Casa Civil está tentando fazer e defendendo que estados e municípios também deveriam estar incluídos. “Acho que a coordenação poderia ser ainda mais ampla, mas sinto que há vontade de coordenar. O Plano Nacional de Conectividade das Escolas está para sair”, adiantou. 

“Concordo com a perspectiva de ter diferentes atores contribuindo para o processo. No Fust é assim, todos abraçados no processo de encontrar soluções”, finalizou Max Martinhão.

Montagem com fotos de Ricardo Ribeiro – Estúdio Versailles/Telebrasil

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