Setores destacam que desenvolvimento profissional vem sendo transformado pelas novas realidades tecnológicas
Empresas, entidades e associações de telecom apresentaram novas estratégias de formação de mão de obra em webinar no Painel Telebrasil
O Painel Telebrasil ofereceu um painel especial sobre a digitalização da sociedade e o papel do setor de telecomunicações na capacitação de profissionais para a nova realidade tecnológica. Executivos e representantes das mais importantes associações, entidades e operadoras presentes no País debateram as novas tecnologias e seus impactos no mundo do trabalho.
Marcio Girão, presidente da Confederação Nacional da Tecnologia da Informação e Comunicação (ConTIC) e moderador do painel, iniciou o webinar parafraseando o chairman do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, ao afirmar que “na revolução industrial 4.0, não estamos mudando o quê ou como fazemos as coisas, mas quem nós somos. Em particular, estamos vivendo um momento de grandes rupturas tecnológicas e muitas mudanças ocorrendo com uma velocidade enorme. Esses desafios somente serão superados se as empresas tiverem profissionais preparados para lidar com esse novo mundo do trabalho. Da mesma forma, a empregabilidade estará intimamente associada com essa capacitação”, enfatizou Girão.
Sonia Fernandes, presidente do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), destacou que é papel das instituições se manterem em consonância com os novos arranjos produtivos, com destaque para as necessidades requeridas pela transformação digital e, consequentemente, o alinhamento com as novas tecnologias e as novas tendências no mundo do trabalho.
Para José Gontijo, diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação Digital na Secretaria de Empreendedorismo e Inovação (MCTI), a alta demanda por profissionais da área de TIC não é nova. “A velocidade com que a transformação digital avança é muito maior do que a nossa capacidade de preparar recursos humanos para o mercado de trabalho. Por isso estamos implementando muitos esforços nesse sentido, com 14 projetos em andamento envolvendo 33 instituições públicas e privadas em 12 estados. Além disso, criamos novos formatos de treinamento como o modelo de residência tecnológica, similar ao da residência médica”, ilustrou.
Bruno Zitnick, diretor de Assuntos Corporativos da Huawei, abordou as iniciativas que da empresa para promover a formação de talentos, considerado elemento fundamental para a estratégia de crescimento da organização. Dos 197 mil colaboradores globais, 105 mil – ou seja, mais da metade – está focada em posições de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Atualmente, a empresa é a primeira colocada em aplicação de patentes em nível mundial, tendo investido US$ 21,7 bilhões em P&D somente em 2020. Zitnick comentou o gap de mão de obra existente no setor de TIC, que em 2019 havia sido estimado em 250 mil pessoas e que pode chegar a 500 mil em 2024. “Desenvolvemos um ecossistema de talentos em conjunto com 80 universidades e instituições de ensino, laboratórios e centros de treinamento globais que nos permitiram treinar 36 mil pessoas nos últimos 5 anos e atuar como uma ponte entre a Academia e a Indústria”, afirmou o executivo.
Ariane Vieira, diretora de Gestão do Capital Humano da Oi, citou o autor norte-americano Thomas Frey, ao ressaltar que 60% das profissões dos próximos 10 anos sequer ainda foram criadas. “O nosso grande desafio como sociedade é trabalhar na requalificação contínua dos colaboradores, principalmente em Tecnologia”, afirmou Ariane.
Ana Paula Rodrigues Marques de Oliveira, vice-presidente de Gente da Algar Telecom, falou sobre o mundo FANI (acrônimo para Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível), cada vez mais dinâmico e flexível, no qual a educação deve ser um processo contínuo e não mais uma iniciativa transitória. “O perfil do profissional que temos buscado é ambidestro, no sentido de que consegue trabalhar no mundo tradicional e, ao mesmo tempo, sabe atuar nesse cenário novo; que sabe lidar com o curto prazo, mas não deixa de lado a inovação”, explicou Ana Paula. Assim como no caso da Oi, a Algar tem implementado várias iniciativas para reforço da sua marca empregadora, visando atrair esse perfil de profissional, ainda difícil de ser encontrado.
O diretor de Talentos da Vivo, Fernando Luciano, abordou a cultura de aprendizagem da companhia, que foi totalmente renovada para acompanhar as mudanças na proposta de valor do desenvolvimento profissional dos colaboradores. “Com o programa ‘Vivo Explore’, as pessoas têm pesquisado novas oportunidades de conhecimento e acessado experiências de aprendizagem contemporâneas que não servem apenas para a empresa, mas para a vida pessoal do funcionário, que passa a assumir uma postura protagonista”, explica Luciano.
Giacomo Strazza, diretor de Desenvolvimento de RH, Educação e Inclusão da TIM, enfatizou a importância de se trabalhar na lógica do ecossistema de mercado de trabalho para acelerar o desenvolvimento de competências. Para o executivo, as diretorias de RH das empresas do setor precisam flexibilizar os requisitos de ensino e de conhecimento e entender que os aspectos de diversidade devem ser levados em conta como algo enriquecedor e que pode fazer a diferença. “Temos uma responsabilidade muito grande na revolução das competências dos colaboradores e precisamos acompanhar o processo de entendimento dessa trajetória, promovendo o engajamento das pessoas”, afirmou Strazza. A presidente executiva da Brasil Júnior, Fernanda Ribeiro Gomes Amorim, também participou do debate, destacando a parceria firmada entre a organização e as entidades Conexis Brasil Digital, Federação Brasileira de Telecomunicações (Febratel), Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil) e ConTIC. Além de desenvolver projetos que envolvem ações de ensino e fomento ao empreendedorismo, o acordo também visa aproximar o setor de telecom dos principais polos de oferta de futuros profissionais. Reunindo aproximadamente 1.400 empresas universitárias de todo o país, a Brasil Júnior comporta 25.600 alunos em mais de 265 instituições de ensino superior nas 27 unidades da federação.