Preço real do minuto do celular no Brasil é oito vezes mais barato que o apontado pela UIT

Metodologia da UIT não considera a realidade brasileira, que tem uma infinidade de planos e promoções, o que reduz o preço do minuto.

Brasília, 24 – O preço médio do minuto do celular no Brasil é de cerca de US$ 0,07 (7 centavos de dólar), o que representa 13% do preço apontado pelo levantamento da União Internacional de Telecomunicações (UIT), divulgado hoje. A diferença de preços pode ser explicada pela metodologia utilizada pela UIT, que provoca uma distorção nos resultados ao levar em conta os planos “homologados” pela Anatel, que são uma espécie de preço-teto do minuto da telefonia móvel, e não os valores efetivamente praticados no mercado brasileiro.

Estudo elaborado pela consultoria Teleco revelou que o minuto do celular no Brasil é o quarto mais barato do mundo, considerando um grupo de 18 países, que concentram 57% dos telefones celulares do mundo. De acordo com esse levantamento, feito diretamente nos sites das prestadoras de cada país, o preço do minuto no Brasil é de US$ 0,07, ficando atrás apenas da China, Índia e Rússia. Esse valor leva em conta dados de tráfego que mais se assemelham ao perfil de uso do celular no Brasil e já inclui os tributos.

O Desempenho Comparado de Preços do Celular traça três linhas de análise dos preços do celular no Brasil em comparação com outros 17 países. A primeira delas considera a realidade brasileira, numa cesta de produtos de 100 minutos de ligações, sendo 90% destinadas a celulares da mesma prestadora, 5% para celulares de outras prestadoras e 5% para telefones fixos. Essa Cesta Brasil custa US$ 6,90, cerca de R$ 15,00, com tributos, segundo valores apurados durante a realização do estudo, em julho deste ano.

A segunda linha leva em conta a média de utilização entre os 18 países estudados. Neste caso, considerando-se os mesmos 100 minutos, o volume de chamadas para celulares da mesma operadora é de 70%, para telefones móveis de outras operadoras é de 15% e para telefones fixos 15%. Neste cenário, a cesta no Brasil custa US$ 15,20, com tributos.

A terceira linha utiliza os mesmos itens da cesta da UIT, com baixa utilização do serviço. São 51 minutos, sendo 53,1% em chamadas para celulares da mesma operadora, 26,4% para ligações para telefones móveis de outras operadoras e 20,5% em chamadas para telefones fixos. Com isso, a cesta brasileira apurada é de US$ 12,20, com tributos.

O resultado do estudo da Teleco, a partir de dados reais, mostra que a mesma cesta utilizada pela UIT custa um quarto do valor apontado no relatório da União Internacional de Telecomunicações, que foi de US$ 48,32, com tributos. Considerando então a Cesta Brasil, que mais se assemelha ao perfil de consumo do brasileiro, o preço do minuto do celular no Brasil é oito vezes mais barato que o apontado pela UIT.

Caso os valores apontados pela UIT estivessem corretos, a conta média do brasileiro, que gasta em média 132 minutos por mês, seria de cerca de R$ 180, ou seja, 25% do salário mínimo brasileiro. Dados do IBGE mostram que o gasto das famílias com celular é de cerca de 1% da renda. Quem ganha até R$ 830, por exemplo, tem um gasto de R$ 7 por mês com o celular.

No Brasil, temos 278 milhões de clientes e uma infinidade de planos que faz com que o preço real do minuto de ligação seja bem mais barato do que foi apontado pela UIT. Esse mesmo valor encontrado no estudo da Teleco, de R$ 0,15 por minuto, também foi apontado como o preço médio praticado no Brasil pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em seu Relatório Anual de 2013.

Carga tributária – O estudo mostra ainda que os tributos têm um peso bastante significativo nos preços da telefonia móvel no Brasil. De acordo com o levantamento, o Brasil tem a maior carga tributária entre os 18 países pesquisados. Os tributos no Brasil representam 43% da receita líquida, quase o dobro do segundo colocado, que é a Argentina (26%) e 14 vezes maior que os da China (3%).

O SindiTelebrasil, com base em levantamentos periódicos da Teleco, fará divulgação sistemática do real preço praticado no Brasil, com o objetivo de dar transparência aos preços praticados e fornecer subsídios reais sobre o comportamento do setor e o impacto dos preços dos serviços para os brasileiros. O SindiTelebrasil espera que em levantamentos futuros a UIT altere sua metodologia para que seus dados sejam uma fonte fiel da realidade da telefonia móvel no nosso País. Além do estudo comparativo de celular, também serão divulgados periodicamente desempenhos comparados dos preços de telefonia fixa e de banda larga fixa e móvel.

O estudo completo está disponível em http://www.telebrasil.org.br/panorama-do-setor/desempenho-comparado.

O vídeo sobre os preços do celular no Brasil pode ser acessado no http://youtu.be/p-S5KiKcp0o

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